Wednesday, May 30, 2007

Cartazes

Este é tipo de assuntos que eu não tenho nada que achar, mas se achasse, achava mal!
Eu moro em Almada e, por isso, nem vou votar para as próximas eleições autárquicas de Lisboa, mas o que me diverte ver os cartazes das campanhas não tem explicação. Normalmente existe uma ou outra campanha que é mais fracota que não consegue transmitir aquela mensagem de voto de confiança, desta vez são quase todas.
Comecemos pela CDU que aposta no minimalismo do cartaz, que tem somente a seguinte mensagem escrita "CDU Força Alternativa". O Slogan até é bom, mas o cartaz é só isto, não há nem uma imagem pequenina do Ruben Carvalho para as pessoas poderem atribuir o cargo não só a um partido, mas também a uma pessoa, normalmente também isto faz ganhar votos e, dado que o candidato é o Ruben de Carvalho parece-me a mim que eles só tinham é a ganhar. Não sei se esta questão da fotografia está relacionada com confiança a mais na estrutura do partido ou pouca confiança no candidato. De qualquer modo, parece-me pouco prestigiante para o ruben de carvalho, que tem-se feito notar com sucesso como deputado municipal na oposição. DEsta forma, a CDU quase que fazia um bom cartaz, quase.

O primeiro cartaz de campanha que eu reparei foi o do bloco de esquerda, eu nem queria acreditar. O cartaz chama a atenção e, embora também não tenha fotografia, faz a pessoa perguntar: Mas afinal quem é o Zé? Isto porque o cartaz diz em letras garrafais "O Zé faz falta!". Eu só pensei mas onde é que anda a campanha do bloco sempre muito original, acutilante e reivindicativa? Realmente, original é porque ninguém mais faz cartazes de campanha política nestes moldes, pelas razões óbvias a mensagem não transmite nada, a não ser a necessidade absoluta do "Zé" na CML e quando eu me ponho a pensar porque raio devia acreditar nisto só porque a alexandra lencastre, o miguel guilherme, o virgílio castelo, o miguel esteves cardoso e outros o dizem, enfim só se fosse louca. Na minha opinião o bloco perdeu a cabeça e a oportunidade única de se continuar a mostrar, como gosta, de alternativa ao mundo, num momento em que os lisboetas necessitam mesmo de uma mudança. Isto de colocarem slogans que podiam muito bem ser chamadas de capa de revistas cor de rosa tenho para mim que quem aprovou a campanha deve estar louco.
Ainda assim, o cartaz que me dá mesmo vontade de lançar uma gargalhada pelo atrevimento é o do PSD. Como é que um partido acha que :
1. o Fernando negrão é a pessoa indicada para ir para a Câmara municipal do país que costuma ser passaporte para cargos como primeiro-ministro, presidente da república e afins...
2. Alguém o vai levar a sério com aquele cartaz.
Reparem num partido que tinha ganho a câmara de lisboa, os sucessivos escandâlos levam a eleições antecipadas e ainda tem a coragem de pôr como sloogan "Lisboa a Sério!". Então e até agora, no tempo que o Carmona Rodrigues esteve lá foi Lisboa a brincar? O sloogan até é giro, porém o cartaz deste partido é uma anedota. Mais valia fazerem uma espécie de mea culpa e acrescentar ao sloogan "Lisboa Agora a Sério!", não emendava mas podia ser que os lisboetas acreditassem mais na "seriedade" do psd.
Também já vi um segundo cartaz que é só a fotografia do Fernando Negrão com o nome dele a ampará-lo, dá menos vontade de rir, de facto, o senhor fica muito bem na fotografia, mas porquê tanta confiança neste homem? Enfim, o que o cartaz da cdu peca por falta de personalização, o do psd exagera pela quase rasia ao culto da personalidade.

Quanto à helena roseta, nem vale a pena ligar muito à mulher que ainda não percebeu que está contra o mundo e, aos poucos, quando começar a perder apoiantes vai dizer que o mundo está contra ela.

Assim, se um partido ganhasse só pelo cartaz o PS tinha a câmara ganha. Cartaz sóbrio, de mensagem curta, eficaz e necessária : "Rigor". Transmite simultaneamente confiança e alternativa, reflecte uma necessidade da cidade e há uma adequação do perfil do candidato ao slogan escolhido. A competência e rigor são características associadas ao António Costa e vai ser interessante ver o homem da nova e polémica lei das finanças locais a dar o exemplo na capital do país.

Já agora alguém me sabe dizer se o fontão de carvalho e o carmona rodrigues apresentaram cada um candidaturas independentes? Isso então seria a cereja no topo do bolo!
Os cartazes estão por toda a cidade, divirtam-se a aplicar o vosso espírito crítico.

Tuesday, May 29, 2007

Paixão

Por falar em leitura e livros decidi homenagear um dos meus escritores favoritos.
Se o conceito de amor literário existisse, eu sentiria isso pelo Pedro Paixão. Desenvolvi, sem dar conta e desde o primeiro momento que o li, um sentimento assim pela escrita vinda da caneta deste escritor, há qualquer coisa que me prende. Reparei nos seus livros através dos títulos, apesar de invulgares, não soavam a estranho e o conteúdo era seu fiel reflexo, um racíocinio presente em cada livro que não era díficil de compreender, reconhecer e imaginar. Não fui capaz de ler só um, houve uma altura em que queria ler todos os livros e todas crónicas, depois houve um momento em que reli alguns e outro em que decidi parar, deixar este amor literário a marinar e deixar-me surpreender pelos livros que acredito terem o seu timming para se lerem.
Um dia descobri que o Pedro Paixão era professor na minha faculdade, pensei em falar-lhe, contar-lhe da minha admiração pelos seus livros, do espelho que por vezes parecem do meu pensamento ou sentimentos ou de como é bonito ver tão bem escrito aquele sentimentalismo silencioso das suas histórias. Mais tarde pensei em assistir a uma das suas aulas, infiltrar-me e descobrir um pouco mais do pedro paixão professor, ouvir o som das palavras do pensamento que tanto gosto de ler. Porém, quando achei ser ele numa mesa próxima da minha no bar da faculdade acobardei-me, fiquei com receio de estar a incomodá-lo ou que me achasse uma tonta que gosta dos livros dele e não o abordei. Também nunca fui a uma aula dele, com receio de que a turma fosse pequena, notasse uma presença estranha e o meu disfarce de aluna fosse colocado em perigo.
Mas a verdade é que criei um imaginário em torno do pedro paixão escritor, uma enorme curiosidade em torno da sua personalidade,... e tendo a certeza que um dia gostaria de conhecê-lo se calhar é melhor manter esta incerteza intacta, não vá ele ser um chato, arrogante e insuportável.
Eu quando leio Pedro Paixão sinto-me a ver-se fazer magia com as palavras, estou naquele limbo de espanto, prazer e racíocinio que só a leitura nos pode dar. Gosto de sublinhar nos livros frases ou partes que goste, só posso dizer que os meus livros do pedro paixão estão muito sublinhados. De todos os livros não sei dizer qual gosto mais, até porque ainda não os li todos, mas os que não li já sei que vou gostar.
Pode parecer um bocado forte, mas mais nenhum escritor me prende tanto a um livro tantas vezes...
Paixão por ti, Pedro!


Há muitas maneiras de morrer, há muitas coisas para matar. O que se tem de matar primeiro é o que está mais próximo de nós. O que temos a obrigação de matar primeiro é o nosso amor. Depois já não é preciso, depois basta acabar. (Boa Noite)

Nunca se sabe o que é para sempre, sobretudo nas coisas do amor. E era uma coisa do amor, isto tudo. São tão estranhas as coisas do amor que não se compreendem por inteiro. Tem de se estar sempre a fazer suposições. Nunca se sabe como e até que ponto a até quando. Esta obsessão chega para impedir a vida, o amor pode impedir o amor, amaldiçoá-lo como um espectro. (Nos teus braços morreríamos)

Escrever pode ser uma óptima desculpa para quem na vida não tem qualquer esperança. É uma maneira de preencher uma sombra e há momentos em que um beijo escrito vale por muitos. (Nos teus braços morreríamos)

Há dia, sabes, em que gostava de ser como o gato e que me tocasses sem desejar encontrar quaisquer sentimentos a não ser o que se exprime num espreguiçar muito lento - um vago agradecimento? - e que depois me deixasses deitado no sofá sem que nada pudesses levar da minha alma, pois nem saberias o que dela roubar. (Assinar a pele, conto)

Monday, May 28, 2007

Mais Feiras

Lembro-me em pequena que ir à feira do livro ao parque eduardo vii, era um ritual sagrado familiar, quando era a feira do livro o domingo mais próximo era para ir lá. Lembro-me dos stands, de reparar na cor e imagens das capas dos livros e recordo-me também do cheiro a papel novo. Entretanto, este ritual foi-se diluindo no tempo e as idas à feira do livro, talvez pela proximidade da minha faculdade, tornaram-se obrigatórias e razão mais que suficiente para faltar a uma tarde inteira de aulas. Afinal só acontece uma vez por ano! Ainda gosto de ir lá ver as novidades, os livros que "tenho" que ter na minha biblioteca, os livros que "tenho" de ler, esfolhear com esforço as folhas rijas de papel novo, ...
Este ano a feira já começou e prolonga-se até ao dia 10 de Junho... Portanto, é primordial guardar uma noite, um domingo ou um fim de tarde para passar por lá e aproveitar aquele ambiente privilegiado de livros variados a preços de saldo em pleno Parque Eduardo VII.
Como ir à feira do livro não é só passear, ver e comprar, é também poder conhecer os nossos escritores de eleição. Eis aqui alguns do que vão estar presentes e mais...

2-06-2007 18:00
Richard Zimler - Editora Oceanos
Pavilhões 41, 45, 49 e 53
O Último Cabalista de Lisboa

5-06-2007 19:00
Lançamento Rosa Lobato Faria
Editora Oficina do Livro - Auditório 1
Os Melhores Poemas

7-06-2007 17:00
Pedro Mexia - Editora Oceanos
Pavilhões 41, 45, 49 e 53
O Senhor Fantasma

9-06-2007 16:30
José Luís Peixoto
Bertrand Editora - Pavilhão Nº 125

9-06-2007 17:00
António Lobo Antunes - Publicações Dom Quixote
Pavilhões Nº 59, 61, 65, 69, 73 e 77

José Eduardo Agualusa - Publicações Dom Quixote
Pavilhões Nº 59, 61, 65, 69, 73 e 77

9-06-2007 17:30
Prof. Eduardo Lourenço
Publicações Gradiva - Pavilhão Nº 84

10-06-2007 17:00
Pepetela - Publicações Dom Quixote
Pavilhões Nº 59, 61, 65, 69, 73 e 77

Inês Pedrosa - Publicações Dom Quixote
Pavilhões Nº 59, 61, 65, 69, 73 e 77

Rodrigo Guedes de Carvalho -Publicações Dom Quixote
Pavilhões Nº 59, 61, 65, 69, 73 e 77

João Aguiar - Editora ASA
Pavilhões 41, 45, 49 e 53
Lapedo – Uma Criança no Vale (última obra publicada)

10-06-2007 18:30
Eduardo Prado Coelho
Editora Guerra & Paz - Pavilhão 171

Sunday, May 27, 2007

Feirante

Uma vez que "a margem sul é um deserto", eu recorrendo à minha veia de magrebina, nómada e feirante (que não são a mesma coisa, mas quase que podiam ser) e fui a lisboa à feira.
3 Pares de brincos, 2 pregadeiras e um anel! Nem foi muito mau este dia de feirante, tendo em conta este inverno que teima em não nos deixar e afasta as pessoas do ar livre e puro de lugares como o jardim da estrela. Bem... mas melhores que os resultados foi o dia cheio de gargalhadas e em boa companhia, num jardim que desconhecia e perto de uma basílica linda. Enregelei e ri muito com os outros e dos outros, com a inês e de mim,...
Frase do dia num jardim repleto de carminhos, martins, franciscas e manuéis maria:
- "oh Diniz não, não vá por aí que por esse lado não é fantástico"

Friday, May 25, 2007

Diários de Malta IX - The Malta Experience

Eis a última "página" dos Diários de Malta e para fechar esta rúbrica do blog com chave de ouro vamos falar da verdadeira "Malta Experience". Ao contrário do que nos querem fazer crer os panfletos que circulam por toda a cidade de La Valletta e arredores, a verdadeira Malta experience não é estar numa sala a ver um filme a três dimensões sobre a ilha, mas tão simplesmente andar nos seus autocarros. Estes são o "espírito" de Malta e o local onde tudo acontece, quem não anda num destes autocarros não alcança o que é Malta na sua essência, o seu povo no seu estado puro e, atrevo-me a dizer, até a sua cultura. Existem 4 coisas que fazem de andar de autocarro em Malta uma experiência única na ilha e no mundo: Os autocarros em si, os motoristas, o povo maltês e os turistas.


1. Os autocarros
Digamos que a frota de autocarros de Malta não mudou desde meados de 1960, por isso o transporte público de eleição dos malteses e dos turistas é um veículo de cor amarela com uma única porta à frente, duas filas de bancos e, entre ambas, um corredor estreitissimo para passageiros em pé. Para quem como eu desconhece o que são os carros e veículos desta época esta foi uma experiência e tanto. Para começar é a falta de espaço que se nota mal se entra no autocarro, os bancos dão para duas pessoas na teoria e uma pessoa e meia na prática e quem vai em pé tem que gerir o seu pouco espaço no corredor com as pernas de quem não cabe no banco. Mas, a verdadeira surpresa é quando o autocarro começa a andar, ao desconforto da falta de espaço junta-se o barulho de um motor que mais parece ser de trator e uma suspensão que dá cabo da coluna de qualquer um. Quando se sai de um autocarro sente-se um enorme alívio e 5 segundos depois uma enorme dor de rins.
Como o povo maltês é um povo organizado e cumpridor, para terem a certeza que as pessoas que estão no autocarro de facto pagaram o bilhete, visto que o autocarro só tem uma porta mesmo em frente ao motorista e alguém podia entrar pelos 25 cm de largura de janelas, é muito frequente apanhar "picas" que percorrem todo o autocarro a verificar os bilhetes, atrapalhando ainda mais a circulação do constante "entra e sai" das paragens e o próprio espaço dentro do autocarro. Ao fim de uma viagem já quase fizémos do nosso companheiro do lado um amigo, afinal já partilhámos com ele tanto suor, tanta pele em contacto, tantos "excuse me", tantos empurrões e incómodos que é impossível não crescer uma certa relação de empatia.
Dentro da antiguidade dos autocarros há uns que são mais modernos que outros, por isso, para quem apanha primeiro um mais recente, depois estranha um mais antigo. E a modernidade da situação pode ser tão prática como isto: o sinal de stop. Este nos autocarros mais modernos era dado por uma campainha de botão e nos outros mais antigos alguns anos numa campainha de cordel.


2. Os motoristas
Os motoristas de autocarros são tão pitorescos como os próprios veículos que conduzem. Para ser motorista em Malta são necessários os seguintes requisitos:

- Ser antipático;

-Ter pelo menos em falta dois dentes, preferencialmente à frente;

- Ter uma noção de higiene muito fraca e andar sempre com as mãos sujas e unhas bem negras.

- Usar uma toalha de praia como capa do assento;

- Possuir um gosto em cuidar do autocarro que lhe é destinado, decorando a sua cabine com elementos referentes a tunning, autocolantes pirosos, postais e muitos elementos religiosos e fazendo, se possível, deste espaço o seu pequeno altar;

- Saber ralhar com os turistas dizendo-lhes em maltês e inglês para se despacharem;

- Conduzir e falar ao telemóvel ao mesmo tempo ou escrever uma mensagem;

-Conduzir sem mãos;

- e, sempre que possível, pregar uns sustos aos turistas com uma travagem brusca, uma ligeira entrada em contramão ou um engano no caminho com direito a inversão de marcha.

Com sorte, pode ser que também se apanhe, como foi o meu caso, um motorista com a destreza suficiente de ir a conduzir e a virar-se para trás durante longos segundos enquanto conversava com a namorada. Eu pensei que fosse fazer parte daquelas notícias do tipo "autocarro cai numa ravina de Malta, os passageiros eram maioritariamente turistas e o acidente deveu-se à negligência do motorista", os alemães que iam no autocarro nem pestanejavam.


3. Os Malteses
Oh povo mais rabujento, mais chato e mais sujinho. Os autocarros e os motoristas já são o que são, mas os malteses em vez de ajudarem a melhorar a coisa fazem o contrário. Primeiro são os mais intolerantes com os seus pares, se alguém dá um empurrão a sair do lugar ou a passar são capazes de bater, de dar uma palmadinha ou uma cotovelada com má cara na pessoa e ainda dizer umas coisas em maltês, que ninguém percebe mas que se adivinha não ser nada de bom. Se vai alguém em pé com um saco a tocar levemente alguém, se essa pessoa for maltesa acreditem que vai rosnar e bater de volta com esse saco até a outra pessoa arranjar uma forma dentro do caos de não incomoda-la mais. Por fim, os autocarros já são pequenos, mal ventilados e quase sempre vão cheios, mas os malteses gostam de tornar as coisas ainda mais insuportáveis, por isso fazem questão de só tomar banho ao domingo e impestarem o autocarro de odores tão maus, que me deixaram muitas vezes a pensar "se existe um inferno, com certeza que cheira assim".


4. Os Turistas
Eis o elo mais fraco de toda esta aventura que é andar de autocarro. Com o passar dos dias os turistas reconhecem-se entre si nos olhos esbugalhados de pânico, no ar de incredulidade que têm durante a viagem, no "excuse me" que repetem como disco riscado, no sorriso cúmplice que lançam uns aos outros na tentativa de acalmarem-se como quem diz "isto vai correr bem, o gajo é maluco, por isso só nos resta é ter esperança que vamos chegar inteiros" e nas situações caricatas que são alvo. Por exemplo, andarem feitos parvos à procura no ar de um botão de campainha para parar o autocarro, quando na verdade é um cordel que ninguém vê porque está da cor do tecto, castanho. Ou então descobrir que o mau cheiro que está no autocarro vem precisamente da pessoa que está ao nosso lado, que não há mais lugares, o autocarro vai cheio e ainda faltam umas 7 paragens.


Andar de autocarro em Malta é uma aventura tão grande e tão improvável de correr sem sobressaltos como ganhar a lotaria, é algo que seguramente se não fosse cómico tinha tudo para ser trágico.

Malta revelou-se uma agradável surpresa e fez aumentar a certeza que nesta Europa multicultural eu tenho cada vez mais prazer em conhecer a Europa do Mediterrâneo, porque é aqui que eu me encontro e reconheço na minha essência: Mediterrânica!

Thursday, May 24, 2007

Diários de Malta VIII - Gozar Gozo

Os Diários de Malta não ficariam completos se não falasse de Gozo, a segunda maior ilha do arquipélago de malta. É um pecado estar em Malta e não ir a Gozo, esta é uma ilha muito pequena, mas rodeada de um mar que nos enche a alma. A norte da ilha de malta o mar é ainda mais azul e cristalino, por isso um mergulho é algo que rapidamente começa a tomar conta do nosso pensamento. Mas, visitar Gozo é fazer uma verdadeira viagem de sentidos: sentir o sol e a brisa salpicada de água salgada na pele, apreciar toda a beleza natural que a rodeia, cheirar e degustar todos os sabores da região e ouvir o reboliço dos mercados e o silêncio das paisagens.
Para Gozo deve-se ir bem cedo e de carro, fazer um aluguer por um dia de uma viatura é o ideal para evitar uma viagem longuíssima de autocarro até ao ferry e os horários, no mínimo, estranhos dos autocarros em gozo. Rabat, capital da ilha, é uma pequena cidade que aos sábados ganha vida através do mercado que há nas ruas principais. Neste mercado os produtos mais frescos da ilha invadem-nos os sentidos com as suas cores, exotismo, cheiros e sabores. Eu recomendo que provem as azeitonas temperadas e que comprem o queijo de Gozo, que na versão com pimenta ou sem é fantástico. Visitar a Citadela é a oportunidade para ver de ponto priveligiado grande parte da paisagem que constitui esta ilha, neste lugar repete-se o labirinto de ruas e a luz amarela que invade estes lugares típicos de malta, resultado do efeito do sol nas pedras amarelas dos edíficios. O que fica é a memória do vagueamento num labirinto de luz dourada.
Para almoçar não é dificil de encontrar um restaurante que sirva um prato maltês simples e delicioso: massa maltesa, com molho de tomate fresco, salsicha fresca, alcaparras e queijo de gozo.
Algo que deve ser muito bonito de se ver em gozo, mas que eu já não pude porque os autocarros para lá acabam às 15h (!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!) é Dweijra. É uma baía cheia de fenómenos rochosos que é o contraponto ideal para o fim desta jornada por Gozo.
Gozo, apesar de ser um bocado negligenciado nos roteiros turisticos, é um sítio a não perder. Quando se está em Gozo sente-se uma clara certeza ali é o Mediterrâneo.

Tuesday, May 22, 2007

Crafts e Design à Estrela

Se eu sabia que no Jardim da estrela haviam feiras de artesanato, se eu sabia que algumas já vão na 9ª edição? Claro que não, senão já tinha lá ido pelo menos uma vez por mês. Não perdendo mais tempo, no próximo dia 27 de maio, domingo, acaba a nona edição da Crafts & Design, uma feira ao ar livre que este ano tem como tema "Flores de Maio", nela vão estar presentes as obras de arte de 60 artesãos, designers, uma mistura dos dois e artistas. Artistas Verdadeiros e talentosos como a minha amiga Inês, que vou acompanhar para ajudar a vender, conversar e passar um belo domingo de sol (pelo menos assim se espera). Porque o dia 27 é último desta feira está programado "um fabuloso espectáculo com uma banda móvel, ao ritmo das músicas de leste, árabe, afro com ska, polka, swing, entre outras". Aqui fica o convite para nos irem visitar e passar um domingo diferente, cheio de sol, arte, natureza e boa disposição.

Monday, May 21, 2007

Cutty Sark

Hoje quando vi as notícias e soube que o navio Cutty Sark tinha ardido fiquei verdadeiramente triste, senti uma desolação enorme! Até quem não se interessasse por navegação não lhe ficaria indiferente ao passar por ele em Greenwich, sentia-se que emanava uma presença, uma grandiosidade de outros tempos. Parecia só um barco, mas estou segura que com o incêndio morreu um dos últimos testemunhos de como era o mundo no tempo em que era este o meio de transporte que trazia o chá e os produtos exóticos da índia.
Talvez pela história que encerram, cada vez que um monumento ou uma obra de arte sofrem um acidente, são danificados, ou roubados sinto uma imensa tristeza. Não sei explicar bem porquê mas parece que é um bocado daquela época que desaparece também, que é um pouco desse mundo que se perde para sempre.
GReenwich tinha a graça de ter um meridiano a passar por ela e tinha a beleza do Cutty Sark. Este era o último navio do género, o último exemplar de uma frota que marcou uma época eque em apenas duas horas foi consumida pelas chamas. Já vi as imagens do incêndio na skynews e já vi as fotos do que restou, quase tudo ficou destruído, séculos de história desapareceram. Não haverá lugar a restauro, só poderá ser feita uma réplica do que foi o CUtty Sark foi em tempos.
Lembro-me de termos ido a Greenwich mais pela sensação de estar exactamente onde um dos meridianos mais importantes passa, mas foi o Cutty Sark com a sua imponência, importância e beleza que nos impressionou. Era um navio de madeira preta, ornamentado a dourado e sentia-se a grandeza dele quando aproximava-nos, sentia-se algo como uma constatação e um espanto que nos fazia pensar "Este é o Cutty Sark!". Era inevitável pensar em todo o mar que tinham galgado aquelas tábuas, todos os ventos que tinham soprado aquelas velas, todos os marinheiros que tinham navegado nele.... Tanto mar, tanta tormenta, tanta tempestade que ultrapassou, só mesmo o fogo o podia levar.

Sunday, May 20, 2007

The Puppini Sisters



Para animar um domingo que acordou cinzento! ;)

Saturday, May 19, 2007

Reality Bites

Na tentativa de deitar-me cedo decidi não sair esta noite, mas porque ainda não tinha sono deixei-me ficar a "passar uns canais", entretanto apanhei um filme mesmo a começar e pela hora pensei que: ou não podia ser nada de jeito, ou já tinha visto. Nas primeiras imagens pude verificar que nem uma coisa nem outra e aquelas palavras e aquelas personagens estavam a prender-me ao filme.
Reality Bites é um filme sobre um grupo de amigos de recém licenciados, que se encontram perdidos entre a saída da faculdade, a procura do primeiro emprego e as suas próprias vidas pessoais. Sentem-se a meio caminho de lado nenhum e à procura de algo que ninguém sabe explicar o que é. Não querem deixar os seus objectivos e ideais, mas a realidade parece que lhes grita para tomarem decisões e adoptarem um caminho. Crescer parece trazer mais coisas más que boas, os clichés são arrebatados pela vida real e os conflitos com os amigos acabam por ser inevitáveis. Está presente a felicidade simples de uma conversa, um amigo e um café, das conversas parvas e dos "momentos", e a felicidade que tarda dos sonhos a serem cumpridos. Estão lá as expectativas, as histórias, as frustrações, as negações, as dúvidas e os medos de quem de repente se sente sem rede.
Para mim estava lá tudo naquelas 4 personagens! Tudo o que parece ter sido este último ano, todas as crenças, enganos, desilusões, dificuldades, as entrevistas falhadas, as tentativas e as pequenas alegrias. Sinto como quase certo que se tivesse visto este filme há 3 anos atrás ou daqui a 3 anos talvez não fosse significar tanto. Os sentimentos subjacentes são os mesmos e, apesar de muito melhor que há uns tempos, a bússola que regula a minha vida ainda parece estragada, a fazer-me sentir, de vez em quando, perdida no meio do nada.


Lelaina:: I just don’t understand why things just can’t go back to normal at the end of the half hour like on the Brady Bunch or something.
Troy:: Well, ‘cause Mr. Brady died of AIDS. Things don’t turn out like that.
Lelaina:: I was really gonna be something by the age of 23.
Troy:: Honey, the only thing you have to be by the age of 23 is yourself.
Lelaina:: I don’t know who that is anymore.

Friday, May 18, 2007

Not a Morning Person


Esta semana as manhãs foram díficeis, a rabujice e algum sarcasmo marcaram presença. O cansaço fez-se sentir nos compromissos falhados, nas horas lentas, nas sestas de autocarro,... e tudo por causa das 6h20 da manhã que começa a ser a hora mais odiada. Estas tiras do calvin & hobbes foram retrato de uma semana e reflexo de um necessidade premente: na próxima semana deitar-me mais cedo.

Monday, May 14, 2007

Ai...




Ai de quem falte! =D
Todos estão convidados, portanto, todos no ponto de encontro, Almada, na próxima sexta feira!

Sunday, May 13, 2007

Carapaus

Depois de um ínicio de noite a flyers, cartazes e autocolantes, depois do dever cumprido decidimos que mereciamos o nosso "drink", enfim o nosso momento de "relax" e, por isso, fomos ao Knock-out "porque tem música ao vivo".
Até que chegamos e deparamo-nos com música ligeira portuguesa: paco bandeira, dina,...e por aí fora, enfim o bailarico instalado!
Os "Carapaus" são uma banda de repertório delico-doce, cheia de "feeling" e, confesso, tanta lantejouja, tique saloio e aquele xotaque de vijeu fez-me lembrar os bailaricos de verão nos arredores do ervedal. Os "outfits" estão muito bem, as piadas também e, na verdade, este concerto, embora inesperado, fechou com chave d'ouro uma noite feita de grande companheirismo e diversão.
Só ficaram a faltar os bolos, right girls? ;)

Saturday, May 12, 2007

Pérolas de Saber (5)


"
Ninguém cometeu maior erro do que aquele que não fez nada só porque podia fazer pouco.
"
Edmund Burke

Friday, May 11, 2007

Melech Mechaya



Como estou cheia de curiosidade para ver e ouvir este "novo" projecto do meu amigo André, mas não sei se é desta que vou ter tempo, os meus sentimentos de culpa acharam a divulgação aqui deste projecto de música israelita uma boa forma de redimir-me.
Nas palavras deles "Melech Mechaya é uma viagem festiva pela música klezmer, abraçando também momentos mais delicados e intimistas. Uma viagem pela tradição judaica, unindo aromas árabes, ritmos orientais, e momentos de simples "bate-o-pé", da Hungria a Israel, dos Balcãs a Nova Iorque."
No ponto de vista dos críticos "São a face mais visível de alguma movimentação da música klezmer em Portugal. Mas, se tanto a Kumpania Algazarra como a Orquestrinha do Terror, piscam os olhos à música de celebração judaica em direcção a outras coordenadas, os MELECH MECHAYA parecem (apenas e só) respirar klezmer por todos os poros. Interessante a versão de Miserlou de Dick Dale (e que se tornou célebre ao fazer parte da banda sonora do filme Pulp Fiction. "

De qualquer modo, visitem a página deles para ouvirem uma pequena amostra do que pode ser um dos concertos e para verem o video, que eu ponho dinheiro em como foi filmado em fernão ferro. Quem quiser ir experimentar bater o pé e dançar ao ritmo de música judaica diga o dia que eu vou tentar ir também.

André, não nos vemos há algum tempo, mas lembro-me de ti e é igual a minha certeza no teu talento como o elogio do Vinicius de Moraes, no Samba da Benção, ao Maestro Moacir Santos:
tu para mim "não és um só, és tantos!"

Thursday, May 10, 2007

O Edgar e os Contos de Terror - MOTELX

O prazo de envio dos trabalhos é já no dia 31 de maio, por isso afiem esses lápis e inspirem-se para a escrita do conto de terror mais terrível. Prémio 500€!



Edgar no inferno


Edgar, o Homem do Talho


Edgar na prisão


Edgar, o Polícia Reformado

Tuesday, May 8, 2007

Nu

Nu meu blog eu gosto dos comentários identificados. Nu meu blog, que é mural, também há um lugar cativo para a moral. Nu meu blog não há nudez convencional e atentadora dos bons costumes. Nu meu blog o Nu para existir tem de ser bonito. Nu meu blog foi reclamada nudez por um anónimo... Ei-la! O Nu no seu estado puro, em massa e como forma de arte. O Nu descaracterizado e, ainda assim, belo!
Spencer Tunick no seu trabalho mais recente no México, onde reuniu 7000 pessoas.

Sunday, May 6, 2007

Porque Sim!

É o filme ideal para o dia da mãe, por isso se ainda não tiverem comprado nada às vossas mães ofereçam-lhe uma ida ao cinema que elas vão adorar. O filme é muito realista e apanha muito bem os argumentos de discussão mais comuns entre mães e filhas. É impossível não nos identificarmos com algumas situações e não reconhecermos algumas daquelas preocupações maternais. O filme é muito divertido, tem algumas piadas prevísiveis e outras nem tanto, mas acaba por ser um tempo muito bem passado.
A película está cheia de caras conhecidas, como Diane Keaton, Mandy Moore, Lauren Graham (Tal Mãe, tal filha), PIper Perabo (a menina do Coyote Bar), MAS,....o grande desconhecido e quem concentra as atenções de mães e filhas é sem dúvida Gabriel Macht. Ele pode muito bem ser o próximo George Clooney.
O título está muito adequado, mas a tradução às vezes.... é o medo!

Por estas razões ou simplesmente Porque Sim, vale a pena ver este filme.

Thursday, May 3, 2007

Diários de Malta VII - Sabores





Para vos deixar com um bocadinho de inveja e com água na boca, deixo-vos a prova de como esta também foi uma viagem cheia de sabores...

Tuesday, May 1, 2007

Diários de Malta VI - A Bomba e a Tranquilidade


Entre todas as igrejas de Malta há uma verdadeiramente especial que vale a pena visitar: Mochta! Esta cidade reúne como locais de interesse tão e somente a sua igreja, porém esta é singular na sua arquitectura e na sua história. Em primeiro Lugar é uma igreja cuja cúpula é uma das maiores da Europa em termos de diâmetro, na verdade pode-se praticamente dizer que a cúpula é a igreja, uma vez que a disposição desta é circular. Ou seja, não se está perante uma igreja convencional em que se entra e há um corredor e um altar principal, em Mochta existem vários altares e as pessoas são disposta em frente a estes. A cúpula é de uma dimensão que deslumbra pela obra arquitectónica e de engenharia civil que é. Não obstante, esta catedral é também especial pela sua história. Durante a II Guerra Mundial Malta foi muito bombardeada e a Igreja de Mochta foi atingida durante um destes bombardeamentos, pore´m soldados e população civil quando foram contabilizar os estragos puderam verificar que a bomba que tinha atingido a igreja não não chegou a explodir. A Catedral encontra-se restaurada, mas encontra-se ainda em exposição uma réplica da bomba, dado que a população de Mochta classificou este acontecimento como um milagre. Poderá até ter sido uma tremenda coincidência, uma falha técnica ou outra razão com fundamento científico a evitar que aquela bomba explodisse, mas a verdade é que quando estamos em Mochta e comparamos inevitavelmente a grandeza da igreja com a dimensão média dos edíficios da cidade, acreditando-se ou não em coisas desta natureza, compreende-se bem porque os cidadãos de Mochta atribuem a este acontecimento a categoria de milagre. A explosão da Bomba teria sido uma tragédia com a Igreja a atingir dezenas de casas e feito imensas vítimas com os seus estilhaços.

Para quem gosta de pequenas vilas pescatórias mediterrâneas, como eu, em Malta há que visitar Marsaxlokk. Esta é uma pequena vila de pescadores no sul da ilha conhecida pelo bonito contraste dos seus barcos coloridos no azul intenso do mar maltês. Eu diria mais este é o lugar perfeito para descansar do rebuliço dos sítios mais invadidos de turistas, de aproveitarmos o sol e ouvirmos o silêncio, levemente interrompido pelo balançar dos barcos ancorados. Enquanto os pescadores que não foram para o mar, devido à proximidade da páscoa, ocupavam o tempo a cozer as suas redes, dentro dos barcos ou junto ao paredão, eu de olhos fechado a apanhar sol, pensava, talvez do sol quente que me subia à cabeça, que um dia quando me reformar quero ter uma casa num sítio assim, cheio de paz e cheio de mar.