Thursday, March 29, 2007

Sinal de Alerta

Sobre este filme não tenho vontade de dizer muito, senão: VEJAM!

Se escrever isto fosse suficiente para vos pôr a caminho do cinema, este post acabava por aqui, mas não é... existem mais umas cem razões para fazer de Sinal de Alerta o próximo filme a ver.

Confesso que não dava nada por este filme, tinha visto o trailer e achado a história esquisita e prevísivel. A ausência de actores conhecidos ou um nome sonante na realização tinha-me deixado pouco entusiamada, mas ainda assim nunca um filme mereceu tanto o benefício da dúvida. Absolutamente Surpreendente!
Em Sinal de Alerta a estrela do filme é mesmo a história. O ponto de partida é Jackie, Kate Dickie, que, na aparentemente apática Glasgow, tem a entediante profissão de monotorizar as câmaras de vigilância de um bairro problemático. Jackie gosta de reparar nas rotinas dos seus habitantes, que conjuga com uma relação escondida e desinteressante com um colega de trabalho, até ao dia que descobre Clyde, Tony Curran, um ex-condenado que mora no bairro e começa a a observá-lo constantemente, através das cÂmaras de vigilância. A partir daí a história assume contornos de deixar o espectador de olhar "pregado" ao ecrã, o que aliado a uma realização fenomenal, por parte de Andrea Arnold, cheia de silêncios e close-ups tornam a história repleta de intensidade e emoção. Fazendo de Sinal de Alerta uma autêntica espiral de suspense e mistério que culmina numa reviravolta imprevisível e perfeita.

E se mais motivos forem necessários, eis alguns prémios e nomeações que este filme já ostenta, sendo talvez o mais sonante o prémio do Júri da última edição do Festival de Cannes.
Uma realizadora que na primeira curta-metragem que faz ganha um óscar, até lhe podemos chamar sortuda. Mas, quando na primeira longa-metragem que realiza alcança tudo isto, então se calhar pode-se começar a considerá-la um caso de talento.


RED ROAD, de Andrea Arnold - A Must See!




Aviso- visto que, desde que os espectadores paguem os bilhetes, os funcionários dos cinemas em Portugal não ligam aos limites mínimos de idade para visionamento de filmes ou sequer aconselham as pessoas a não levarem as suas crianças devido à inadequação do teor do filme a elas, não levem convosco primos, irmãos, amigos com menos de 16 anos a ver este filme porque pode ser perturbante dado o conteúdo explícito de algumas cenas. E eu não digo isto porque no filme aparecem umas maminhas e tal, é porque é constrangedor saber que há um miúdo de cerca de 10 anos (como havia na minha sessão) a ver todas aquelas cenas e aquela "realidade" demonstrada, por vezes, de forma tão intensa.

Wednesday, March 28, 2007

Amadores!

Sim, A-M-A-D-O-R-E-S! Digo-o com todas as letras e sem medo de rapazes com cabedal para deixar um pé esmagado a quem dão uma pisadela.
Sim, refiro-me à equipa de râguebi portuguesa que conseguiu o apuramento em Montevideo. Muito bem, parabéns pelo feito, é sempre notável quando uma equipa portuguesa ou um atleta português se consegue distinguir no desporto Internacional. E, sobretudo, quando isso acontece com equipas de estatuto amador, que suponho que os atletas tenham muito menos apoios que se tivessem um estatuto profissional.
PORÉM, existem três factos que me fazem acreditar que esta dúzia de bons rapazes não é amadora por acaso:

1. Todas as imagens de jogos que vejo deles, eles parecem grandes, mas os jogadores das outras equipas parecem muito maiores, há uma diferença sempre entre as duas equipas em termos de massa muscular. Logo nesse aspecto se nota que eles são amadores. Mas, enfim, se eles ganham jogos isso acaba por não ser o mais importante. Só lhes desejo que assim seja quando no mundial tiverem que defrontar os ingleses, neozelandeses ou australianos, senão vão levar muita porrada.


2. É de mim, que vivi um bocado o desporto competitivo, ou aqueles festejos da selecção portuguesa de râguebi que acabaram em perda de voos e prisão, é mesmo coisa de Amadores. Regra nº1 dos festejos de equipa (seja de que desporto fôr): Os festejos devem ser feitos no Hotel. SOBRETUDO, quando se vai fazer um jogo ao país/cidade da equipa contrária, ganha-se e elimina-se essa equipa da competição...NUNCA, MAS NUNCA se vai festejar para fora do hotel, por razões óbvias: há toda uma cidade contra nós que nos vai lixar na primeira oportunidade! Claro foram eles que puxaram os portuguesees para a porrada, insultaram e provocaram. Mas afinal, eles estavam à espera de quê, coroas de louros e múltiplos "bem- hajam" em espanhol com sotaque uruguaio? E para reforçar esta ideia, alguém se lembra de notícias de jogadores ou atletas que tenham causado desacatos na rua depois de uma vitória. Claro que não! Porque os atletas como exemplos de boa conduta e disciplina que são, festejam comedidamente. Mas porque são humanos e toda a gente às vezes exagera e extravasa, mais uma vez os festejos SÃO NO HOTEL, se se partir um quarto ou se não se deixar dormir todas as pessoas que estão hospedadas lá, é algo que vem cá pra fora só se não se pagar a conta dos estragos. E, ainda assim, pode-se dizer que é mau perder e boato por parte dos anfitrões! MAIS, no meio disto tudo eu não posso dizer que isto é culpa somente dos atletas portugueses, os treinadores e staff da selecção tem uma grande parte da culpa. Então aqueles senhores estavam mesmo à espera que depois de deixar 20 jogadores sair do hotel para festejar e embebedarem-se, todos voltassem nessa noite a horas para apanhar um avião às 6h da manhã???!!!???? NINGUÉM faz isso! NINGUÉM! Porque é óbvio que há sempre alguém que não volta para o hotel, também por esse motivo é que os festejos são no hotel, para se for necessário o atleta embarcar de pijama, mas embarcar!


3. Desculpem lá mas eu vi as imagens daquela chegada ao aeroporto e sinceramente (eu sei que me vou repetir) só me vinha uma palavra à cabeça: Amadores!! Duas raparigas com metade do corpo deles mobilizaram cerca de 60 pessoas no aeroporto de Lisboa, com direito a balões, cânticos, flores, cartazes E...pessoas com t-shirs com a nossa fotografia, algumas delas tinham letras nas camisolas que devidamente alinhadas formavam os nossos nomes ou a palavra "benvindas" (confesso que esta parte já não me recordo bem). TAl era o aparato que pessoas que estavam no aeroporto chegaram a perguntar às nossas famílias se era alguém famoso que estava para chegar e eu pude constatar que a expectativa da nossa chegada já era também partilhada por grande parte das pessoas que estavam lá e que queriam ver quem é que afinal ía chegar. Perante isto, eu só posso chamar aquilo que vi na televisão de "recepçãozinha!" e disponibilizar-me para oferecer à equipa de râguebi os contactos da minha família e da família Alfaiate, para quando regressarem do Mundial, darem umas dicas para organizar uma chegada mais decente para as câmaras de televisão e que, de facto, mereça estas no aeroporto.



Apesar, deste post vou estar a fazer figas pela equipa portuguesa quando for o mundial e muito atenta aos joagadores em geral, mas sobretudo aos ingleses, porque acho o râguebi um desporto muito "interessante".

Tuesday, March 27, 2007

O Sangue que Salva

Como dadora de sangue que sou este dia não podia passar sem referência… Hoje celebra-se o Dia Nacional do Dador de Sangue e, por isso, este não é um post é um convite.
O sangue é um tecido que não pode ser reproduzido artificialmente, logo é imprescindível haverem reservas de sangue para o tratamento de doentes que necessitem de transfusões, por isso ao fazer uma dádiva de sangue está-se de facto a salvar vidas.
A disponibilidade deste sangue depende, assim, da boa vontade e voluntarismo da população geral porque de facto qualquer um de nós pode, potencialmente, ser dador. O primeiro passo é sem dúvida dirigirmo-nos a uma das brigadas que correm o país a fazer recolhas de sangue, este processo não é moroso, mas requer alguns exames preparatórios para determinar se há factos ou características da nossa história médica que possam condicionar a qualidade do sangue doado, impossibilitando a sua futura utilização. Ultrapassando esta primeira fase, passa-se para a doação efectiva do sangue, da qual serão feitas análises para HIV e oputras doenças para comprovar a qualidade do sangue e assegurar um transfusão segura ao receptor.

Os resultados dessas análises são posteriormente enviados para casa, sendo, desta forma, a doação de sangue uma óptima forma de ajudar e de nos mantermos atentos à nossa saúde. Além disso, as pessoas das brigadas são sempre pessoas muito simpáticas e bem dispostas, sempre atentas a todo o processo de doação do sangue e a oferecerem sempre um lanchinho. =)

Deste modo, deixo o convite a todos a visitarem o site do Instituto Português do Sangue e a tirarem as suas dúvidas, a recolherem informações, a descobrirem onde vão estar as brigadas (há um motor de busca no site próprio para o efeito. Outra informação, o posto móvel que é apresentado para a zona de Lisboa fica perto da rotunda de entrecampos, perto do modelo Bonjour) ou, por exemplo, como organizar uma sessão móvel de colheita de sangue (confesso que fiquei cheia de vontade de organizar uma).

Também deixo o convite a quem tem medo de agulhas ou pavor de sangue a esquecer isso durante 20 minutos e a todos a informarem-se e tornarem-se dadores de sangue.

Sunday, March 25, 2007

Lonestar

Nos últimos dias tem-me assaltado a questão se estarei a investir bem o meu tempo, se estou a utilizá-lo de forma a chegar ao que eu quero, se não me ando a distrair demais com coisas que no fim podem não resultar em nada, se isto é a minha mente a ser pessimista ou só a ser prudente, se os exemplos que se colocam à minha frente são esperanças ou são alertas, se estou atenta e a pôr o meu empenho nas coisas certas, se este cansaço vale a pena, se é este o caminho, se é melhor deixar alguma coisa para trás e focalizar-me nas coisas verdadeiramente importantes, se no fim alguém me vai dar algum mérito, ...se...se...se..
Há uns anos vi esta ilustração do Jordi Labanda e fiquei com ela porque parecia uma reprodução a papel químico dos meus momentos contemplativos, em que o céu estrelado costuma ser companhia e simultaneamente, como canta a Norah Jones, o lugar onde se espera encontrar uma resposta ou um sinal.



Lonestar where are you out tonight?
This feeling I'm trying to fight,
it's dark and I think that I would give
anything for you to shine down on me.


How far you are? I Just don't know,
the distance I'm willing to go.
I pick up a stone that I cast to the sky
hoping for some kind of sign.

Saturday, March 24, 2007

Música e Letra

Já tinha saudades de ir ver um filme assim: levezinho, com gargalhada garantida e final romântico. É o melhor para esquecer uma semana de trabalho. Porém, apesar de o filme valer bastante a pena não há muito a dizer sobre ele... O Hugh Grant (alex) faz de um cantor que teve muito sucesso nos anos 80, mas que agora só consegue cantar em pequenos concertos ou pequenos festivais regionais e a Drew Barrymore (sophie) faz de rapariga insegura, talentosa e graciosamente desajeitada. Eles encontram-se quando a Sophie vai à casa deste cantor regar as plantas, enquanto ele encontra-se a preparar uma canção para relançar a sua carreira, perante o bloqueio de encontrar uma letra para aquela melodia Sophie começa a cantarolar uma letra. Subitamente ela torna-se a pessoa que o pode fazer voltar às luzes da ribalta e que o vai ajudar a construir uma letra para o dueto de alex com Cora (a vedeta musical do momento da adolescência americana).

O melhor de Música e Letra é mesmo a forma de dançar do hugh grant, as boas piadas, as músicas, como os anos 80 foram terríveis para a moda e para grande parte do panorama musical e a ridicularização feita da música pop americana dos dias de hoje, através da Cora - genial!. Uma das surpresas foi rever a Kristen Johnston nos ecrãs, ela é a rapariga loura da série o 3º calhau a contar do sol, continua com muito jeito para a comédia, mas está diferente, ou seja ela já era meio cavalona agora ainda está mais (desculpem o termo!mas é mesmo o mais adequado).
O Hugh Grant e a Drew Barrymore estão mesmo bem neste filme porque eles são especialistas em fazer o tipo de personagens que desempenham, logo conjugam-se muito bem no ecrã e isso é uma das razões porque o filme funciona tão bem.

Apesar de esta não parecer uma boa crítica, a verdade é que pretende ser porque sai-se do filme com um sorriso nos lábios e a cantarolar "Pop goes my heart..." =)

Wednesday, March 21, 2007

Poema


Em todas as ruas te encontro

em todas as ruas te perco
conheço tão bem o teu corpo
sonhei tanto a tua figura
que é de olhos fechados que eu ando
a limitar a tua altura
e bebo a água e sorvo o ar
que te atravessou a cintura
tanto tão perto tão real
que o meu corpo se transfigura
e toca o seu próprio elemento
num corpo que já não é seu
num rio que desapareceu
onde um braço teu me procura

Mário Cesariny


Escolhi Cesariny para celebrar o dia mundial da poesia porque desta vez quis honrar a poesia escrita em português e fazer uma pequena homenagem a este poeta. Mas sobretudo decidi escrever estas palavras em forma de verso porque ultimamente Mário Cesariny porque tem-se "atravessado" no meu caminho de diversas formas, há um ano também o li por ser dia mundial da poesia, comecei a achar-lhe mais graça depois de um recital na minha antiga faculdade e porque hoje ao comprar um livro na fnac foi-me oferecido um livrinho de poesia dele, do qual retirei este poema. O Poema foi escolhido pela necessidade de um poema para marcar este dia, pela graça do nome, porque é bonito e porque foi a Márcia quem reparou nele.

Sunday, March 18, 2007

ADORO-TE

(19 de Março)

A Fonte- O último capítulo

Rachel Weisz e Hugh Jackman protagonizam uma história de amor complexa, intensa e dramática, cheia de fantasia. As suas personagens apresentam formas diferentes de lidar com a iminência da morte, Tommy decide entregar-se à pesquisa científica de uma cura e Izzy opta por escrever um romance que, na verdade, representa a sua própria história de amor. Este livro chama-se A Fonte e é relativo à busca da fonte da vida eterna por uma rainha que vê como única salvação para o seu reino essa descoberta, enviando para essa missão o seu mais leal cavaleiro. Deste modo, a história que Izzy escreve começa a misturar-se com a sua própria realidade ao conjugar a época em que decorre o romance, o presente de Izzy e Tom e o futuro imaginado por Izzy, recorrendo a uma lenda maia em que os mortos descansam numa estrela que se encontra a morrer e que se chama shibaba. A cargo de Tom está o último capítulo deste livro, ao qual deve dar um fim.
É um filme difícil de explicar e compreender, que permite diferentes interpretações, mas as certezas são, de facto, a espectacolaridade das cenas que decorrem no shibaba, a conseguida intensidade dramática do papel do Hugh Jackman enquanto Tom e a beleza à prova de tudo da rachel weisz.
No entanto, a história que é o mote deste filme, devido à sua complexidade ou talvez à forma como é contada, acaba por ser também o seu maior carrasco.


* Desta vez não vos deixo com o cartaz, mas com uma imagem do filme que faz a devida justiça aos magníficos efeitos especiais, que são o ponto forte desta película.

Saturday, March 17, 2007

A Sorte Maior

Há quem diga que a sorte é ganhar um prémio de lotaria, um carro, ou outra coisa qualquer. Que sorte pode ser ir a um concerto que se gosta muito, ter uma noite bem passada quando não se esperava, encontrar uma pessoa que seja "interessante", ... Mas quando a sorte não é o que se ganhou, mas o que não se perdeu, então a sorte sente-se de forma maior.
Esta noite regressava a casa satisfeita, a noite tinha sido plena. Tinha-se prolongado mais que o previsto, mas só por boas razões: um concerto de jazz que começou tarde mas valeu a pena, a conversa com os amigos que tardava em findar, o conhecer pessoas novas, rir, divertir-me, adiar o fim da noite e finalmente ser vencida pelo cansaço. Deixei a Inês em casa e enquanto fazia as ruas vazias, pensava em como o último bar tinha deixado um cheiro a fumo horrível na roupa, já são 4h15 já não tenho lugar na minha rua, etc.
A um semáforo de chegar a casa, a 30 metros viu-o a ficar vermelho e comecei a travar, até que me chamou a atenção uns faróis mesmo em frente a mim muito acesos, depois cada vez maiores e aí comecei a pensar "este gajo vem em contra-mão", então nesse momento em que chego a essa conclusão por acaso a estrada alarga para duas vias, eu desvio-me e é quando ele passa por mim e 3 segundos depois bate no carro que vinha imediatamente atrás.
Pelo espelho retrovisor vi os dois carros a chocarem um contra outro e a imensa sorte que tive em não ser eu naquele acidente.

Thursday, March 15, 2007

Pérolas de Saber (3)




" Encontraremos um caminho ou faremos um! "

Aníbal - General Cartaginês




(numa semana em que a necessidade de um rumo 'gritou' de todas as formas, esta frase dá um alento estóico à alma moribunda)

Monday, March 12, 2007

MOTELx


Pois é, tenham MEDO! TENHAM MUITO MEDO! Está a chegar a primeiríssima edição do MOTELx, o Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa. É aconselhada preparação física e psicológica para aguentar a maratona de gritos, arrepios, sustos, pesadelos e calafrios que ocorrerão quando o melhor do Cinema de Terror de todo o mundo for revelado, no mês de Setembro, em Lisboa.
A edição de 2007 deste Festival será sobretudo dedicada aos Grandes Mestres vivos do Terror, mas haverão também secções paralelas dedicadas ao terror feito em Espanha, no Brasil e Coreia do Sul. E ainda... haverá um prémio para o filme mais votado, apesar deste ser um festival não competitivo.

E como este não é um festival em que o tema Terror se esgota no cinema, também estão programados concertos, exposições, edições de livros, concursos,...

Assim, a partir de hoje, poderão ver neste blog informação disponível sobre o festival, através dos updates que eu vou deixando por aqui publicados,bem como podem recolher mais informação no site do MOTELx.
Este não é um festival só para gosta de filmes de terror, é para quem gosta de cinema, de artes, ... é um festival para todos, até para quem tem medo! ;)

Sunday, March 11, 2007

Pacheco & Callaway

Na passada sexta feira descobri uma das coisas que me acalmam mais: ir a uma exposição!
Estava chateada do trabalho, com o meu ascendente de escorpião em carneiro em ebolição por causa daquelas situações que existem em todos os trabalhos, mas que no momento em que acontecem nos deixam sem saber se falamos ou se é melhor não dizer nada. Porém, quando escolho ficar calada, fico com a situação gravada na cabeça a remoer, a remoer,... A hora de almoço chegou finalmente! Fui a primeira a sair acusando, falsamente, uma fome danada e fui almoçar sem vontade nenhuma, a comida não me sabia bem e precisava de esquecer todos aqueles pensamentos nefastos... decidi ir a uma exposição da culturgest que já estava há imenso tempo a adiar uma visita.

Na verdade foram duas exposições: uma do Ben Callaway e outra do Bruno Pacheco.


O Bruno Pacheco é um pintor português que estudou em Londres e vive lá à cerca de 10 anos. Depois de uma brincadeira minha entre pares de que ele só estava na culturgest porque tinha estudado em Londres e vivia lá, por isso era um rapaz do novo mundo, a pintura dele era logo uma coisa com outra qualidade e mais veneno deste género... Devo dizer que gostei bastante do trabalho dele, ele parte de fotografias tiradas por ele ou retiradas da net para a partir daí construir um quadro, sendo que a exposição "All Together" versa sobretudo retratos de grupo. A escolha de Bruno Pacheco torna-se muito interessante sobretudo quando estas obras contrastam entre si, p.e. na mesma sala são dispostos dois retratos de grupo, um em frente ao outro, de cheerleaders sentadas na relva e de rapazes de um coro dispostos geometricamente numa bancada. Este jogo de contrastes e o facto de as obras serem de uma enorme envergadura obrigam o visitante a reflectir sobre o exposto.
Esta é um exposição que nos deixa a pensar como será curioso ver retratos individuais pintados pelo bruno pacheco futuramente.


Quanto a Ben Callaway, não posso dizer muito porque eu não gosto de exposições de vídeo e ainda não foi esta que me convenceu do contrário. Porém, para quem esteja interessado eis as apreciações da culturgest sobre este artista:
Ben Callaway (Bristol, 1978) tem vindo a utilizar o vídeo como medium exclusivo do seu trabalho. Usando imagens encontradas e apropriadas de origens muito diversas, desde vídeos promocionais até documentários anódinos, submete-as a uma laboriosa manipulação e a uma cuidada montagem. Constrói deste modo pequenas narrativas ficcionais que se revelam tão intrigantes quanto visualmente fascinantes. A materialidade do medium é explorada nos seus interstícios através de operações de manipulação das imagens como transferências sucessivas em formato analógico e deste para digital, assim como alterações de velocidades. Dos seus vídeos desprende--se uma visão alegórica do mundo eivada de niilismo existencial.
Ben Callaway fez os seus estudos de arte no Goldsmiths College (licenciatura) e na Slade School of Art (mestrado). Vive e trabalha em Londres. Esta é a sua primeira exposição individual.


Quando saí da culturgest ía leve como uma pena e absolutamente impertubável enquanto regressava ao trabalho, embrenhada em considerações sobre os vídeos de callaway e os quadros de bruno pacheco.

Até 25 de Março
Preço: As duas exposições 2€
(valor sujeito a descontos)

Friday, March 9, 2007

O Bom Alemão

Quantas vezes já se sentiram a voltar atrás no tempo quando estão a ver um filme que de facto se passa noutra época? Eu muito poucas, mas esta semana quando fui ver O Bom Alemão aconteceu isso e quando um filme consegue essa proeza é porque é de facto muito bom. O Steven Sodebergh esteve atento a todos os pormenores e recorreu a tudo o que pode para, de facto, permitir ao espectador fazer essa viagem: película a preto e branco, efeitos especiais primários, um cuidado muito grande com as expressões e diálogos das personagens, uma banda sonora orquestral, ... Todos estes elementos permitem que o filme e a história adquiram também uma intensidade singular, própria dos filmes antigos, e que fazem o espectador reparar em certos momentos pela sua beleza rara nos tempos de hoje cada vez menos frequente, sempre que se vai ao cinema.

Admito que quando me apercebi nos primeiros minutos que o filme ía ser todo a preto e branco receei que não fosse gostar, mas a história ajuda muito a valorizar todas as escolhas do realizador, bem como a prender o espectador ao ecran. Talvez tenha sido mais fácil para Steven Sodebergh recorrer a imagens reais a preto e branco do que recriar todas essas imagens a cores, mas a verdade é que a coerência entre imagens reais e cenários recriados foi conseguida e, dado esta história ter lugar no pós II Guerra Mundial, o filme saíu beneficiado por um realismo maior. A acção passa-se em Berlim, durante as conferências de Potsdam, em que o motorista de um oficial americano que acompanha a comitiva aparece morto. As razões deste assassínio revelam uma realidade que está em marcha, bem como um passado que se quer esconder. Na verdade, este é um filme que se passa numa cidade que quer resolver o seu passado, assim como as personagens de george clooney e cate blanchett procuram o mesmo objectivo.

Adorei a realização, o desempenho dos protagonistas, o sotaque alemão e a beleza eterna e versátil da cate blanchett, adorei os diálogos intensos e cheios de simbolismo. Este é um filme de 2006, porém quem o visse na década de 50 talvez não reparasse na diferença... Parabéns Mr. Sodebergh, mission accoumplished!



Frases do Filme:

" You did nothing wrong!!
I SURVIVED!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!"

" When you say to yourself that's the worst thing you ever heard, stick around! That's how Berlin is now!"

Thursday, March 8, 2007

O Dia de Todas as Mulheres

Muitas vezes questionei-me sobre se a celebração deste dia é de facto a melhor forma de luta pelos direitos das mulheres, se haver um dia mundialmente indicado para a valorização da mulher e do seu papel na sociedade, não produzia precisamente o efeito contrário, vitimizando-nos quando é dessa condição que nos queremos afastar. Continuo a não concordar com certas franjas mais radicais dos movimentos feministas e desconfio de alguns mecanismos de descriminação positiva, porém nada disto faz com que este dia não se faça sentir, para mim, como menos especial, sobretudo depois de ter descoberto a verdadeira origem da escolha do dia 8 de março.

No ano de 1857 neste dia, as operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque entraram em greve, ocupando a fábrica, para reivindicarem a redução de um horário de mais de 16 horas por dia para 10 horas. Estas operárias que, nas suas 16 horas, recebiam menos de um terço do salário dos homens, foram fechadas na fábrica onde, entretanto, se deflagrara um incêndio e cerca de 130 mulheres morreram queimadas. Em 1910, numa conferência internacional de mulheres realizada na Dinamarca, foi decidido, em homenagem àquelas mulheres, comemorar o 8 de Março como "Dia Internacional da Mulher". De então para cá este dia tem-se celebrado num número cada vez mais alargado de países.

Embora a realidade que vivemos já se encontre, felizmente, muito distanciada da acima retratada urge não esquecer que até à muito pouco tempo não era assim. Então, vale a pena honrar com um dia internacionalmente reconhecido todas as mulheres que lutaram e que caíram em prol da igualdade entre géneros nas mais variadas esferas da sociedade, vale a pena lembrar que, apesar de ser ter conquistado muito, ainda há bastantes e diferentes batalhas por travar, tanto nos países desenvolvidos como nos subdesenvolvidos.


A semana passada acabei de ler um livro que gostei imenso e que já tinha pensado em escrever sobre ele aqui, mas nenhum dia é mais apropriado que hoje para falar nele. Chama-se "Mulheres da China" e é um relato emocionante de parte da vida da autora, Xiran, e das histórias que durante a sua carreira enquanto jornalista foi testemunha devido ao programa de rádio que tinha. Centenas de mulheres aproveitaram o anonimato da voz para contarem os seus mais íntimos segredos, receios e as razões do seu sofrimento. Revelando, assim, histórias dramáticas de casamentos forçados, abuso sexual e psicológico, separação imposta a pais e filhos, pobreza extrema, tantas delas directamente relacionadas com a Revolução Cultural que aquele país foi alvo.

É um livro sobre mulheres, sobre a China, mas sobretudo que põe a descoberto, desde as classes mais carenciadas às mais altas, uma sociedade, os seus fantasmas e os seu desejos.


Eis um excerto... e Bom Dia da Mulher! ;)

"

(...) Uma pessoa podia ser 'revolucionária' em relação a todos os outros aspectos, mas quem quer que sucumbisse aos desejos sexuais 'capitalistas' era empurrada para a ribalta para ser insultada no banco dos réus; algumas pessoas atentaram contra a própria vida em desespero de causa. Outras impuseram-se como modelos de moralidade, mas aproveitavam-se dos homens e das mulheres que estavam a ser reeducados, tranformando a sua submissão sexual num 'teste de lealdade'. (...)

Neste momento em que se avalia o mal feito à sociedade chinesa pela Revolução Cultural, os danos causados aos instintos sexuais naturais são um factor que se deve ter em conta. Os Chineses dizem: ' Há um livro em todas as famílias que é melhor não ler alto'.

"

Tuesday, March 6, 2007

O Mapa dos Dias

Há uns tempos andava a pensar nas necessidades do meu blog...e dei-me conta que um calendário é algo que fica sempre bem e dá muito jeito, nem que seja para quando o nosso chefe nos pergunta "que dia é hoje?" nós termos a resposta na ponta da língua e mostrar-mos que estamos muito concentrados no trabalho desse dia.
De qualquer modo, após pesquisas prolongadas no google não encontrei quase nenhuns calendários, sendo o que se encontra na sidebar o única possibilidade apresentada.
A questão é que não estou satisfeita com esta escolha quase forçada (se bem que flores são bem mais aceitáveis que corações) e vinha por este meio requer a V. Ex.ªs para me informarem de códigos, sites ou sugestões de calendários para o meu blog.
E por favor se souberem... avisem-me assim que puderem porque eu não sei quanto mais tempo aguento estas flores......8/

Monday, March 5, 2007

Jenny ou Nelly?

Este post arrisca ter o mesmo nível de qualidade e interesse que o momento que o originou, ou seja normamelnte quando chego a casa depois do estágio aterro no sofá e assim fico imóvel até me chamarem para ir jantar, mexendo somente o dedo indicador para mudar os canais. Um dia destes este singelo ritual vegetativo, entre os 10 canais que separam o canal hollywood que mostrava uma apresentação do Diamante de Sangue com a Jennifer Connely e a MTV que passava o videoclip Say It Right da Nelly Furtado, fez-me chegar à conclusão brilhante e, muito, relevante que esta cantora e esta actriz são mesmo muito parecidas.
Para poderem ver no expoente máximo as semelhanças entre elas aconselho a reverem o videoclip e a recordarem o filme ou a verem a respectiva trailer, mesmo assim eu fiz uma pesquisa de imagens no google (o meu mais recente vício cibernáutico) e acho que consigo provar a minha tese:
































































Se este post e esta pesquisa serviram para alguma coisa foi com certeza para ficar a saber que a carreira da Jennifer connely começou muito cedo, pois existem imagens dela com para aí com 18 anos, e para ficar com uma admiração acrescida pela beleza dela que fica bem em quase todas as fotografias que vi (e eu vi muitas!!) e pela assessoria de imagem da Nelly Furtado, que é bonita, mas às vezes é estranha e consegue com ajuda ficar muito gira nas fotos.

Saturday, March 3, 2007

Marzo


Hoy quisiera la luz de marzo,
toda esta transparencia, esta inmutable
y clara y lenta forma de morir
que aprecio solamente en el invierno.
No sé de otra estación que pierda tanto
poder con tanta lógica, con calma,
con despego. Sopla un viento frío,
como un adiós ceremonial apenas
atendido por nadie: los almendros
ya hablaron. Esta luz tiene sus breves
días contados. Yo quisiera darle
a una plata tan diáfana un lugar
en mi mente, y dejarla allí alumbrándome.





Antonio Cabrera, "La Estación Perpetua", 2000,p.p. 54

Friday, March 2, 2007

Serão no Alvalade XXI

Não sou grande entusiasta de ir ao futebol...acho que falta-me apanhar um jogo apinhado de gente para perceber a magia que toda gente diz que este espectáculo tem, mas não deixo de tentar. Na última quarta feira fui ver o Sporting - Académica ao Estádio do Sporting e devo dizer que gostei mais que das outras vezes, o estádio não estava cheio, daí que estar ali a ver o jogo tem um pouco mais de adrenalina que ver o jogo em casa, não deixando de ser um serão, mas no Estádio. Mesmo assim, depois de umas apalpadelas da stuart, de esconder uma tampa de garrafa e de 90 minutos a ver 22 rapazes a correrem de um lado para o outro, foi um espectáculo bonito de se ver.
O Sporting ganhou 2-1 (claro!), o Liedson marcou os golos da vitória e óbvio que para festejar um golo no timming certo é preciso estar muito atenta porque senão sucede o que me aconteceu a mim, ou seja quando me levantei para festejar e gritar golo já estava o resto do Estádio a sentar-se. É claro que a partir daí: concentração total!! Olhos na bola, atenta às posições dos jogadores e num instante começa-se a chamar nomes ao árbitro, um treinador de bancada começa-se a apoderar de nós fazendo-nos gritar indicações para os jogadores e já se está a roer unhas e a abanar com a cabeça em sinal de descontentamento. Por isso, dada a segunda parte que o Sporting parecia uma outra equipa da primeira parte em que jogou com eficácia e determinação, foi com alívio que ouvi o apito do árbitro a finalizar o jogo.
De qualquer modo, o que me impressionou mais naquela noite é economia paralela ao jogo que se agita em torno dos estádios: são cachecóis, são castanhas, são bifanas a escorrer de gordura e coiratos com pêlos no pão, são os copos de cerveja de 1/2 litro, são nogats e queijadas de sintra... só fica mesmo a faltar a venda de roupa para aquilo ser uma feira a sério. Gostei especialmente da capacidade de adaptação de algumas senhoras que estavam a vender cachecóis e que no ínicio do jogo tinham nos pregões e nos cachecóis o Bueno e à saída do Estádio já tinham os cachecóis do Liedson a gritar que ele é o maior. Elas deviam ter uma carrinha cheia de cachecóis com o nome da equipa inteira do Sporting...sim sra, assim é que faz negócio!

Desculpem lá, podem dizerem o que quiserem do Estádio, dos jogadores e gozarem com o treinador (quem é que resiste??!!??), mas o Sporting continua a ser um grande clube!!! Próximo jogo a ir: um derby ou a final da taça no Jamor!

+ A Claque "ULTRAS" do Sporting. 90 minutos non stop! Sempre a cantar, adaptações fantásticas de músicas a apoiar a equipa. Nem um minutinho eles pararam!A minha admiração pelas cordas vocais musculadas que devem ter e pela devoção que mostram!

- Uns putos que não deviam ter nem 9 anos e que, dentro do estádio, deixaram cair na brincadeira um facalhão enorme mesmo à minha frente, o que me deixa com dúvidas em voltar para um jogo mais concorrido.