Não posso dizer que gostei logo de Zeca afonso mal ouvi a sua música, não posso dizê-lo porque não me lembro da primeira vez que ouvi só posso dizer que estava sempre muito presente. Por isso, aprendi a gostar dele através dos fins de semana em que ele cantava no gira-discos dos meus pais, habituei-me a reconhecê-lo pelas capas dos discos e a gostar do conjunto de olhar profundo, óculos e cabelo encaracolado que ostentava. É claro que ao ínicio achava uma seca não poder ouvir os discos dos ministars, em vez de estar a ouvir músicas que eu não percebia, com o tempo zeca afonso começou a ser o cantor da música que ouvia sempre no 25 de abril quando descia a avenida da liberdade com os meus pais e foi isso que inicialmente me fez começar a gostar de zeca afonso. Que starting point...!!!
Não sei porquê, mas na sexta feira ao constatar que passavam exactamente 20 anos sobre a sua morte havia uma tristeza ainda muito presente em todas as pessoas que vi na televisão ou ouvi na rádio recordarem-no e achei tão triste e, simultaneamente, tão bonito. Zeca Afonso era a certeza de um cantor cheio de talento ainda por materializar em poesia e música e com isto sente-se que há mortes prematuras tão injustas. E dá uma certa tristeza pensar quantas canções não ficaram por cantar...
O poema mais indicado para este dia e por Zeca Afonso escrito...
BALADA DO OUTONO
Águas
E pedras do rio
Meu sono vazio
Não vão acordar
Águas
Das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto
A cantar
Rios que vão dar ao mar
Deixem meus olhos secar
Águas
Das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto
A cantar
Águas
do rio correndo
Poentes morrendo
P’ras bandas do mar
Rios que vão dar ao mar
Deixem meus olhos secar
Águas
Das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto
A cantar
Águas
Das fontes calai
Ó ribeiras chorai
Que eu não volto
A cantar
3 comments:
Quero partilhar contigo a minha preferida:
A morte saiu à rua num dia assim
Naquele lugar sem nome para qualquer fim
Uma gota rubra sobre a calçada cai
E um rio de sangue de um peito aberto sai
O vento que dá nas canas do canavial
E a foice duma ceifeira de Portugal
E o som da bigorna como um clarim do céu
Vão dizendo em toda a parte o Pintor morreu
Teu sangue, Pintor, reclama outra morte igual
Só olho por olho e dente por dente vale
A lei assassina a morte que te matou
Teu corpo pertence à terra que te abraçou
Aqui te afirmamos dente por dente assim
Que um dia rirá melhor quem rirá por fim
Na curva da estrada há covas feitas no chão
E em todas florirão rosas de uma nação.
LINDO!! já tinha ouvido, mas nunca tinha klido com atenção... é dedicado a quem?
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ola!!
ai, que saudades da nossa bela musica portuguesa... se bem que ouço musica sempre que posso, mas nao gosto de xatear o pessoal la de casa com as minhas cançoes sempre cantadas por mim em altos berros! a musica italiana que se ouve aqui è pessima, a unica pessoa que encontrei aqui que ouve boa musica foi o Alessio, que è quase mais fanatico por musica do que eu (quase...). Ritinha, tens que começar a ir ao bar do Mercado da Ribeira, onde se ouve muito boa musica portuguesa ao vivo, de certeza que vais adorar! no dia do aniversario da morte do Zeca Afonso fizeram ate uma homenagem, com varios cantores, que eu infelizmente nao pude ir... agora, cuidado com os cantores charmosos que dao a volta à cabeça das fas, ahahahah! Ah, essa musica è dedicada a um pintor, nao me lembro do nome, que foi morto pela Pide.
Por aqui tudo bem, ja passaram os problemas logisticos, começo a curtir la dolce vitta erasmus! ah,e ja tenho uma bicicleta roubada e um gorro, estou plenamente integrada!
um beijo enooooorme
Mafalda
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