Sunday, August 12, 2007

A Rainha

Aluguei este filme à pouco tempo com uma amiga e fiquei surpreendida porque, embora já tivesse ouvido falar muito bem dele, a verdade é que conseguiu superar as minhas expectativas. A excelência do filme está à altura da excelência da figura retratada: Isabel II, a rainha que foi coroada aos 25 anos. A Rainha não é um filme bajulador, nem acutilante, é sensatamente crítico num dos períodos mais díficeis do reinado de Isabel II que foi a morte da princesa Diana. Stephen Frears decidiu explorar o que foram os bastidores desta tragédia no seio da familía real, arriscar uma perspectiva que não fosse nem sensacionalista ou demasiado arrojada. A Rainha é apresentada como uma mulher sensível, cujos defeitos são desculpados ou justificados com a sua história de vida e educação. A audácia presente no filme recai sobretudo na caracterização de outras figuras. Filipe, o Duque de Edimburgo, é apresentado como um tosco, o Príncipe Carlos aparece como o filho que teme a rainha, Cherry Blair é dada como uma convicta republicana e, por fim, Diana, em vez de boa samaritana, é vista como uma escandalosa.

Apesar do filme muito bem escrito e realizado, é Helen Mirren que consegue fazer da Rainha o filme credível que é, a personagem é muito bem conseguida através da caracterização, porém é esta actriz que torna aquela imagem de Isabel II tão real, embora não o seja. De imediato se assume que ela representa a rainha Isabel II e pouco depois esquece-se que aquela não é a rainha.
Helen Mirren é uma actriz que assume toda a sua plenitude a representar rainhas, também em 2006 ela protagonizou uma série de 3 episódios sobre Isabel I e, tal como neste filme, ainda que num registo diferente, esteve absolutamente soberba. Esta série passou há uns meses no canal 2, mas para quem gosta do género vale a pena procurá-la.
A rainha é um filme feito com uma enorme sensibilidade e cuidado, isto pode ser notado ao longo de toda a película, especialmente na alegoria feita em relação ao veado que existia no Castelo de Balmoral, que é um dos aspectos mais bonitos do filme e uma das razões porque este filme é um excelente exercício de ficção.

1 comment:

Anonymous said...

Magistral esse filme.