A tempestade estava anunciada, falava-se baixinho dela, que ía causar estragos e que podia irromper a algum momento. Pois bem, já teve início, já está a dar problemas e já chegou à Europa.
Refiro-me à crise do mercado de crédito hipotecário norte americano de alto risco que hoje obrigou os bancos centrais de todo o mundo a injectarem dinheiro nos mercados. Só a Reserva Federal Norte-americana colocou mais de 35 mil milhões de dólares para assegurar a liquidez necessária para o funcionamento do mercado. Perceber a razão desta crise não é fácil, mas as suas consequências alarmam se verificarmos alguns factos:
- Fundo de investimento do Deutsche Bank perdeu 30% em activos em dez dias;
- Fundo de investimento do Deutsche Bank perdeu 30% em activos em dez dias;
-Bancos portugueses investiram em activos hipotecários mais arriscados;
- BNP Paribas congela três fundos devido a problemas com crédito à habitação de risco;
- o crédito hipotecário em incumprimento nos EUA é de 23% e a última vez que este país teve valores em dívida semelhantes foi antes do crash de 1929;
- Nem no 11 de Setembro, após o atentado, os bancos precisaram de injectar tanto dinheiro nos mercados como agora.
- Nem no 11 de Setembro, após o atentado, os bancos precisaram de injectar tanto dinheiro nos mercados como agora.
Os reflexos directos desta crise a curto prazo manifestam-se não só a nível dos mercados financeiros, mas também numa perspectiva menos abrangente e directa afecta sobretudo as pessoas que aplicaram as suas poupanças em fundos de investimento que costumam ter uma taxa de juro melhor que os depósitos a prazo, apesar do risco inerente. Esta crise a agudizar-se pode levar a cancelamentos de resgates pelos Bancos e à impossibilidade de movimentação desse dinheiro.
Os media portugueses deram importância a esta questão hoje, mas talvez não a suficiente, nos telejornais ainda não era esta a notícia do dia e, contudo, acredita-se que este é um assunto que não vai deixar a actualidade tão cedo. Acho que o tempo agora não é para alarmar, mas sim para alertar. Não vi alarme na comunicação social portuguesa, o que é positivo, mas também não vi alertas e receio que esta crise financeira não esteja a ser encarada com a seriedade necessária.
Como esta crise se formou e o que se pode tornar é algo que me deixa preocupada, mas sobretudo deixa-me com a certeza de que é quando estas crises surgem que ficamos a perceber que o mercado tem as suas formas misteriosas de ser perversamente perigoso.
Eis duas boas explicações:
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