Wednesday, August 29, 2007

Ratatui

Esta história é uma das melhores receitas de sucesso da pixar: junte-se o inesperado ao sórdido nas doses certas e consegue-se num mesmo filme colocar ratos numa cozinha em perfeita harmonia. Remy é o rato que tem que lidar com as ambições contraditórias à sua condição de roedor, com a família que espera dele algo muito diferente de chef e com um aprendiz de cozinheiro sem qualquer talento para a cozinha e a precisar de ajuda desesperadamente.
Para quem tem saudades de ver desenhos animados com uma história magnífica, surpreendente e divertida não pode perder Ratatui. A moral da história é para todas as idades e absolutamente inspiradora.

Tuesday, August 28, 2007

Workshop CTLX

A par do Festival Internacional de cinema de Terror de Lisboa, o CTlx vai organizar um workshop com o realizador brasileiro Ivan Cardoso, no qual revelará os fundamentos do género de filmes criado por si: a comédia de terror.
O conceito é ambíguo e deixa qualquer um curioso, como é que se ri de tanto terror? Por isso aos interessados, que não queiram perder esta oportunidade de conhecer o mestre do "terrir" em pessoa, fica o aviso que a data limite para inscrições no workshop é já na próxima segunda feira, dia 3 de setembro.

Saturday, August 25, 2007

"Falar" como Eduardo Prado Coelho

Como um coro que chamava Portugal ao bom senso Eduardo Prado Coelho habituou-nos de tal forma às suas crónicas que, em muitos casos, esperava-se que ele dissesse o que muitos só eram corajosos para pensar.
Esta manhã não partiu só um dos intelectuais e professores maiores no que respeita a cultura portuguesa, mas o país ficou sem um dos sentidos críticos que mais faziam falta. O que me agradava mais no Eduardo Prado Coelho era o facto de existir por trás das críticas acutilantes que conseguia fazer com mestria, um homem extremamente sensível, que intercalava as temáticas mais sérias nas suas crónicas com as observações mais simples e bonitas, como a do gato que gostava de cirandar pela FCSH.
Uma das coisas que para mim era obrigatório ler no Público, além das tiras do Calvin & Hobbes, era a coluna do eduardo prado coelho e descobrir sobre o que é que ele nesse dia ía "falar". Não costumo muito comprar jornais, mas ontem por acaso comprei e mais uma vez li a sua crónica. Quando acabei virei a página, descansada a pensar que, enquanto tivermos o Prado Coelho a escrever, temos pelo menos a defesa à irracionalidade assegurada. Se o Eduardo Prado Coelho não tivesse morrido esta manhã e esta não fosse uma das suas últimas crónicas, eu não a teria colocado no blog, ainda que considere que fazia das palavras dele cada uma das minhas, relativamente à ditadura da madeira e ao assunto em questão. Porém, o seu falecimento deixou-me triste com a injustiça das mortes prematuras por doenças que chegam sem aviso e de de forma implacável, mas sobretudo deixou-me inquieta por saber que não há muitos cronistas a "falarem" como ele. Por isso, além de falar sobre Eduardo Prado Coelho, achei necessário colocar esta crónica como exemplo da frontalidade destemida que devia ser característica da "voz" de mais cronistas e não é.
Não é só do gato preto da sua coluna que se vai estranhar a ausência ao folhear o Público, é também de ler como "falava" Eduardo Prado Coelho que vamos sentir falta.


" Comício de Verão

No seu habitual comício de Verão do PSD/Madeira, lá tivemos Alberto João Jardim a vociferar com a habitual virulência e desfaçatez. Conseguisse ele imaginar o que a esmagadora maioria dos portugueses do continente pensa destas vistosas performances e talvez não exibisse tamanha arrogância. Mas não consegue, e, por isso, fica ali, naquele estardalhaço ensolarado, a vacilar entre o ridículo e o patético.
Para o ilustre presidente do PSD da Madeira, o alvo, desta vez, foram as chamadas “causas fracturantes”, que é o nome algo abusivo que foi atribuído aos temas que se ocupam de aspectos importantes da vida quotidiana das pessoas. Que um banco recuse um empréstimo a duas mulheres que vivem juntas, considerando que a situação de lésbicas não lhes permite qualquer solicitação nesse sentido, é algo que afecta o dia a dia de cada uma. E esses são problemas que não podem ser ignorados. Sobretudo com aquele inevitável argumento de que há assuntos muito mais importantes, como o desemprego ou as leis do trabalho (esta é a lengalenga habitual do PCP, que não tem particular simpatia por “temas fracturantes”, embora, às vezes, lá alinhe). Que disse, então, Alberto João Jardim? Numa alusão à lei sobre a despenalização do aborto, declarou, segundo os hábitos enraizados do conservadorismo nesta matéria, que, “quando se fazem leis contra a vida humana, é um precedente que não podemos consentir para depois fazerem outros direitos ou se ofenderem outros direitos das pessoas em nome do Estado absoluto”. Não vamos discutir. Mas Jardim parece não ter entendido que a lei sobre a despenalização do aborto em determinadas circunstâncias é uma lei que aumenta a liberdade das pessoas, porque não obriga ninguém a fazer abortos, mas permite que quem quiser os faça e quem não quiser não faça. Falar em “Estado absoluto” é um contra-senso.
E falou sobre homossexuais. Para dizer que “querer o casamento de homossexuais e tudo isso que o Governo socialista prepara, essas não são causas, são deboche, são degradação, é pôr termo aos valores que nós, portugueses, a nossa alma nacional, temos desde o berço e que os nossos pais nos ensinaram”. Cá temos o modelo perfeito do pensamento reaccionário: vai-se buscar um princípio suposto intocável, neste caso a “alma nacional” ( Jardim ignora que “a alma é um vício”, como genialmente escreveu Agustina), para interditar qualquer debate racional e ponderado sobre estas matérias, e não se aceitar a pluralidade de posições.
Do berço não me recordo bem, mas lembro-me que os meus pais, felizmente, nunca me ensinaram estas coisas, bem pelo contrário, embora sempre permitindo que eu viesse a pensar o que achasse mais certo. E nada me leva a suspeitar que não fossem portugueses, que não fizessem parte deste demagógico “nós, portugueses” a que Jardim recorre. Os pais da minha mãe moravam na Rua do Noronha, por detrás da Imprensa Nacional, e os do meu pai na Correia Telles a Campo de Ourique. Terão sido menos portugueses por não pensarem o que pensa Alberto João Jardim? Como dizia Pacheco Pereira, se Jardim berrasse menos e pensasse mais...
"

Eduardo Prado Coelho (1944-2007)

Thursday, August 23, 2007

Manifattura di Signa

Esta é uma das lojas que eu mais adoro, um sonho de consumo, uma daquelas lojas que me faz pensar "aaaaaahhhhhh se eu fosse rica!". Descobri-a no corso italia de Pisa e em Florença e é daquelas lojas absolutamente irresistíveis porque tem aquele ar de "loja à antiga" e coisas formidáveis, Tem desde quadros a marroquinaria, lembranças a peças de decoração. Manifattura di Signa é mais um exemplo de que as ideias simples conseguem ser geniais. Podia-se até dizer que a originalidade não é o ponto forte do negócio, mas a verdade é que está bem pensado. Afinal, reproduzir obras de arte nos mais variados objectos não é propriamente aquilo que nunca tenha passado pela cabeça das pessoas, mas fazê-lo recorrendo a materiais de grande qualidade e com muito bom gosto acaba por fazer de cada artigo algo especial.
Na minha lista de favoritos estão as bolsinhas e as malas de pano e no meu rol de most wanted estão os quadros que podem ir das pinturas mais clássicas a estilos mais modernos como o de Gustav Klimmt. E vos garanto que as telas com carimbo da Manifattura di Signa não são simples serigrafias, são mesmo algo especial e mais que uma reprodução de um desenho.
Tenho que admitir que via internet todas estas relíquias perdem um bocado de encanto e algumas coisas que não conhecia são mesmo pirosas, como os candeeiros, mas a verdade é que todas estas coisas parecem ter o encanto da época das obras reproduzidas.


O bom disto é que agora já não é preciso ir a itália comprar estes produtos, porque dá para encomendar via internet, embora seja um bocado caro.
Enfim, este negozio é mais uma das razões porque sinto que "compras é em itália".

Monday, August 20, 2007

Les Voyages en train

Descobri o slam e este cantor-poeta há muito pouco tempo, mas foi pelas viagens de comboio recentes e pelo demasiado típico fim de semana prolongado na "terrinha" com as viagens de autocarro inerentes que parece ser este o momento para postar grand corps malade.



Je crois que les histoires d'amour c'est comme les voyages en train,
Et quand je vois tous ces voyageurs parfois j'aimerais en être un,
Pourquoi tu crois que tant de gens attendent sur le quai de la gare,
Pourquoi tu crois qu'on flippe autant d'arriver en retard.

Les trains démarrent souvent au moment où l'on s'y attend le moins,
Et l'histoire d'amour t'emporte sous l'oeil impuissant des témoins,
Les témoins c'est tes potes qui te disent au revoir sur le quai,
Ils regardent le train s'éloigner avec un sourire inquiet,
Toi aussi tu leur fais signe et tu imagines leurs commentaires,
Certains pensent que tu te plantes et que t'as pas les pieds sur terre,
Chacun y va de son pronostic sur la durée du voyage,
Pour la plupart le train va derailler dès le premier orage.

Le grand amour change forcément ton comportement,
Dès le premier jour faut bien choisir ton compartiment,
Siège couloir ou contre la vitre il faut trouver la bonne place,
Tu choisis quoi une love story de première ou d'seconde classe.

Dans les premiers kilomètres tu n'as d'yeux que pour son visage,
Tu calcules pas derrière la fenêtre le défilé des paysages,
Tu te sens vivant tu te sens léger tu ne vois pas passer l'heure,
T'es tellement bien que t'as presque envie d'embrasser le controleur.

Mais la magie ne dure qu'un temps et ton histoire bât de l'aile,
Toi tu te dis que tu n'y est pour rien et que c'est sa faute à elle,
Le ronronement du train te saoule et chaque virage t'écoeure,
Faut que tu te lèves que tu marches tu vas te dégourdir le coeur.

Et le train ralentit et c'est déjà la fin de ton histoire,
En plus t'es comme un con tes potes sont restés à l'autre gare,
Tu dis au revoir à celle que tu appelleras désormais ton ex,
Dans son agenda sur ton nom elle va passer un coup de tipex.

C'est vrai que les histoires d'amour c'est comme les voyages en train,
Et quand je vois tous ces voyageurs parfois j'aimerais en être un,
Pourquoi tu crois que tant de gens attendent sur le quai de la gare,
Pourquoi tu crois qu'on flippe autant d'arriver en retard.

Pour beaucoup la vie se résume à essayer de monter dans le train,
A connaitre ce qu'est l'amour et se découvrir plein d'entrain,
Pour beaucoup l'objectif est d'arriver à la bonne heure,
Pour réussir son voyage et avoir accès au bonheur.

Il est facile de prendre un train encore faut il prendre le bon,
Moi je suis monté dans deux trois rames mais c'était pas le bon vagon,
Car les trains sont crapricieux et certains sont innaccessibles,
Et je ne crois pas tout le temps qu'avec la SNCF c'est possible.

Il y a ceux pour qui les trains sont toujours en grèves,
Et leurs histoires d'amour n'existent que dans leurs rêves,
Et y'a ceux qui foncent dans le premier train sans faire attention,
Mais forcément ils descendront dessus à la prochaine station,
Y'a celles qui flippent de s'engager parce qu'elles sont trop émotives,
Pour elles c'est trop risqué de s'accrocher à la locomotive,
Et y'a les aventuriers qu'enchainent voyages sur voyages,
Dès qu'une histoire est terminée ils attaquent une autre page.

Moi après mon seul vrai voyage j'ai souffert pendant des mois,
On s'est quitté d'un commun accord mais elle était plus d'accord que moi,
Depuis je traine sur les quais je regarde les trains au départ,
Y'a des portes qui s'ouvrent mais dans une gare je me sent à part.

Il parait que les voyages en train finissent mal en général,
Si pour toi c'est le cas accroche toi et garde le moral,
Car une chose est certaine y'aura toujours un terminus,
Maintenant tu es prévenu la prochaine fois tu prendras le bus.

Monday, August 13, 2007

100 anos de Miguel Torga

Renúncia

Como nunca vieste,
já não venhas.
O mais rico tesouro é o que se nega.
Ágil veleiro doutros mares, navega
Com as asas que tenhas!

Foge de ti, porque de mim fugiste.
Alarga a solidão que me consome.
E apaga na memória a praia triste
Onde eu pergunto às ondas o teu nome.
Coimbra, 6 de Março de 1952

Sunday, August 12, 2007

A Rainha

Aluguei este filme à pouco tempo com uma amiga e fiquei surpreendida porque, embora já tivesse ouvido falar muito bem dele, a verdade é que conseguiu superar as minhas expectativas. A excelência do filme está à altura da excelência da figura retratada: Isabel II, a rainha que foi coroada aos 25 anos. A Rainha não é um filme bajulador, nem acutilante, é sensatamente crítico num dos períodos mais díficeis do reinado de Isabel II que foi a morte da princesa Diana. Stephen Frears decidiu explorar o que foram os bastidores desta tragédia no seio da familía real, arriscar uma perspectiva que não fosse nem sensacionalista ou demasiado arrojada. A Rainha é apresentada como uma mulher sensível, cujos defeitos são desculpados ou justificados com a sua história de vida e educação. A audácia presente no filme recai sobretudo na caracterização de outras figuras. Filipe, o Duque de Edimburgo, é apresentado como um tosco, o Príncipe Carlos aparece como o filho que teme a rainha, Cherry Blair é dada como uma convicta republicana e, por fim, Diana, em vez de boa samaritana, é vista como uma escandalosa.

Apesar do filme muito bem escrito e realizado, é Helen Mirren que consegue fazer da Rainha o filme credível que é, a personagem é muito bem conseguida através da caracterização, porém é esta actriz que torna aquela imagem de Isabel II tão real, embora não o seja. De imediato se assume que ela representa a rainha Isabel II e pouco depois esquece-se que aquela não é a rainha.
Helen Mirren é uma actriz que assume toda a sua plenitude a representar rainhas, também em 2006 ela protagonizou uma série de 3 episódios sobre Isabel I e, tal como neste filme, ainda que num registo diferente, esteve absolutamente soberba. Esta série passou há uns meses no canal 2, mas para quem gosta do género vale a pena procurá-la.
A rainha é um filme feito com uma enorme sensibilidade e cuidado, isto pode ser notado ao longo de toda a película, especialmente na alegoria feita em relação ao veado que existia no Castelo de Balmoral, que é um dos aspectos mais bonitos do filme e uma das razões porque este filme é um excelente exercício de ficção.

Saturday, August 11, 2007

Liverpool mais Perto

Além de ser uma das mais importante cidades portuárias de Inglaterra, de ter sido uma das cidades mais afectadas pela II Guerra mundial, ser o berço dos eternos Beatles e casa do clube de futebol com mais títulos de Inglaterra, .... e todos estes factos já conhecidos, em 2004 Liverpool tornou-se cidade património da humanidade pela UNESCO, no ano corrente celebrou os 800 anos de vida e em 2008 será capital europeia da cultura. Este entusiasmo todo deve-se não só a uma certa curiosidade que já havia em relação à cidade, mas sobretudo por a Easyjet a partir de 2 de Novembro começar a voar a partir de Lisboa até Liverpool. Viva Easyjet! Liverpool está assim mais perto, com bilhetes já à venda a preços muito apetecíveis.

Liverpool já está marcado no meu mapa para 2008 como uma possível escapadela.

Friday, August 10, 2007

Concerned...

A tempestade estava anunciada, falava-se baixinho dela, que ía causar estragos e que podia irromper a algum momento. Pois bem, já teve início, já está a dar problemas e já chegou à Europa.
Refiro-me à crise do mercado de crédito hipotecário norte americano de alto risco que hoje obrigou os bancos centrais de todo o mundo a injectarem dinheiro nos mercados. Só a Reserva Federal Norte-americana colocou mais de 35 mil milhões de dólares para assegurar a liquidez necessária para o funcionamento do mercado. Perceber a razão desta crise não é fácil, mas as suas consequências alarmam se verificarmos alguns factos:

- Fundo de investimento do Deutsche Bank perdeu 30% em activos em dez dias;
-Bancos portugueses investiram em activos hipotecários mais arriscados;
- BNP Paribas congela três fundos devido a problemas com crédito à habitação de risco;
- o crédito hipotecário em incumprimento nos EUA é de 23% e a última vez que este país teve valores em dívida semelhantes foi antes do crash de 1929;
- Nem no 11 de Setembro, após o atentado, os bancos precisaram de injectar tanto dinheiro nos mercados como agora.

Os reflexos directos desta crise a curto prazo manifestam-se não só a nível dos mercados financeiros, mas também numa perspectiva menos abrangente e directa afecta sobretudo as pessoas que aplicaram as suas poupanças em fundos de investimento que costumam ter uma taxa de juro melhor que os depósitos a prazo, apesar do risco inerente. Esta crise a agudizar-se pode levar a cancelamentos de resgates pelos Bancos e à impossibilidade de movimentação desse dinheiro.
Os media portugueses deram importância a esta questão hoje, mas talvez não a suficiente, nos telejornais ainda não era esta a notícia do dia e, contudo, acredita-se que este é um assunto que não vai deixar a actualidade tão cedo. Acho que o tempo agora não é para alarmar, mas sim para alertar. Não vi alarme na comunicação social portuguesa, o que é positivo, mas também não vi alertas e receio que esta crise financeira não esteja a ser encarada com a seriedade necessária.
Como esta crise se formou e o que se pode tornar é algo que me deixa preocupada, mas sobretudo deixa-me com a certeza de que é quando estas crises surgem que ficamos a perceber que o mercado tem as suas formas misteriosas de ser perversamente perigoso.

Eis duas boas explicações:

Thursday, August 9, 2007

Golpe Quase perfeito

O Golpe Quase Perfeito tem como base uma história verídica passada no príncipio da década de 70 em que um escritor falhado Clifford Irling decide escrever uma biografia sobre uma das figuras mais emblemáticas e misteriosas da época: o multimilionário Howard Hughes. O que torna esta história tão incrível é que Clifford tornou o que começou numa pequena mentira num dos maiores golpes já dados, conseguindo convencer a sua editora, através da imitação de assinaturas, caligrafia e outros esquemas que ele estaria autorizado a escrever esta biografia. Na exacta proporção em que o golpe aproxima-se de ter sucesso também se torna cada vez mais díficil de manter a mentira, quer pelo próprio entusiasmo de clifford com a sua capacidade de enganar, quer pelo seu amigo cúmplice e atrapalhado, quer pela intervenção indirecta de howard hughes, que aproveita a utilização indevida da sua imagem para emitir boatos sobre outros. Clifford está sempre no frágil entre caçador e pres a de um esquema que ele próprio criou.

Este filme que muitos críticos consideram o melhor de Lasse Hallstrom, tem como pontos fortes a comédia que vai agarrando o espectador à narrativa, o charme de richard gere que mais uma vez se prova que também dá para interpretar um bom charlatão e o cúmplice com dilemas morais bem conseguido por alfred molina.
No meu impulso natural para encontrar semelhanças entre as pessoas, não pude deixar de reparar em como a Hope Davis é muito parecida à Hillary Clinton. Até a voz é parecida!
Um Golpe quase perfeito tem uma história aliciante, cuja a acção do filme não acompanha, é um filme interessante, mas não é um bom filme para ver no cinema.

Monday, August 6, 2007

Alpendre que prende

Sou uma rapariga nascida e criada na cidade, do género avessa e estranha às coisas do campo. Portanto, um acampamento é algo encarado com muitas reticências, mas de todas as vezes acaba por ser sempre uma experiência a repetir. Afinal quanto não valem formigas nos croissants, picadas de mosquitos, gaifanas, fungos, pó nos pés 24h por dia, um contentor como bungalow, um duche de água fria pela manhã,...entre tantos outros encantos da vida ao ar livre. Verdade seja dita acampar torna as pessoas mais descontraídas e soltas, a melhor noite acaba por não ser num bar mas à volta do petisco com cervejas a acompanhar até de manhã, a noite faz-se, assim, de pouco e de luar. As manhãs acordam frescas, de pequeno almoço no alpendre e no campo até a ressaca é suave.
No fim do acampamento, somente a tormenta do regresso num comboio abrasador, com direito a uma fuga ao pica com cúmplice, e a certeza de que se há coisa neste mundo que é capaz de me fazer mudar para um meio mais campestre é a promessa de um alpendre de madeira à porta de casa.


Sunday, August 5, 2007

Pérolas de Saber (8)



" Aunque la mona se vista de seda, mona se queda. "






Aí está um dos contributos dados por visitantes do blog, achei este provérbio espanhol muio adequado para a silly season.

Saturday, August 4, 2007

Falta 1 mês...MOtelx

É já daqui a um mês que a capital vai ser invadida pelo melhor terror, por isso já nos encontramos em contagem decrescente para o I Festival Internacional de Cinema de terror de Lisboa-MOtelx.
Na apresentação à imprensa, que ocorreu esta semana, o Motelx não só revelou o seu cartaz final, como também apresentou em ante-estreia um dos melhores filmes de terror do ano The Host.
Para este festival prevêm-se, assim, a passagem de grandes filmes integrados nas secções:

Os participantes não terão só a oportunidade de experimentar o terror na sua vertente cinematográfica, como também poderão "vivê-lo" através de debates, exposições e a apresentação do livro de contos de terror que contará com a participação de Possidónio Cachapa, Fernando Ribeiro, Rui Zink, João Tordo, João Seixas, David Soares, António de Macedoconto e Pedro Martins, o vencedor do Concurso de Contos de Terror organizado pelo CTLX. Neste concurso no qual entraram a competição 90 trabalhos também foi atribuída uma menção honrosa a Guilherme Trindade Filipe.
Assim, marquem nas vossas agendas e preparem-se para a maior invasão de terror que Lisboa já viveu: Motelx de 5 a 9 de Setembro.

Friday, August 3, 2007

Almada com memória

Adoro fotografias antigas e de sobretudo comparar os pormenores que distanciam as épocas, ao receber por email estas imagens de Almada fiquei absolutamente fascinada. Primeiro, porque esta cidade, que é a minha casa, "fala" pouco do seu passado e poder descobri-la assim através de algumas fotografias acaba por ser um dos raros meios de conhecê-la melhor, segundo porque ver o que Almada foi permite constatar a qualquer um que esta é uma cidade que cresceu muito, mas sobretudo que cresceu mal. Muitos sítios felizmente e infelizmente continuam na mesma, a Cova da Piedade ainda vai conservando a muito custo o seu jardim com coreto, bem como os seus edíficios, e locais como o gingal ou olho de boi continuam exactamente da mesma forma que décadas atrás.
Faz falta conservar em vez de construir de novo e, por vezes, é melhor recuperar uma zona do que ir aos poucos destruindo-a. Há uma certa graciosidade nestas fotografias, porque era Almada a construir-se a ela própria e não a ser só mais uma cidade. Ao perder a sua essência, a restar pouco ou nada do que almada foi em tempos, a não ser ruínas, esta cidade não só cria uma fraca imagem de si enquanto centro urbano, como ao eliminar a sua memória vai corroendo a sua identidade. As cidades suburbanas tem enormes problemas em crescer e Almada não sendo, ainda, o melhor exemplo dessa verdade, caminha para lá a passos largos. Esta cidade não precisa de ser mais, só precisa de ser melhor, não precisa tanto de inovação, mas sim de consolidação. Almada transformou-se num gigante de betão sem memória e, apesar de todo o progresso alcançado, não é a olhar sempre para a frente que se constrói um futuro melhor.


Estrada Cova da Piedade-Laranjeiro (1962)


1962



Largo da Cova da Piedade -1962


Cova da Piedade, 1962


Jardim da Cova da Piedade, 1962



1900


1954




Gingal na década de 40



Olho de Boi na década de 40