Estas duas cidades são a antítese perfeita que simboliza Malta e a sua mistura entre cultura árabe e ocidental.
Mdina é a antiga capital maltesa, por isso como centro político e social que foi é uma cidade repleta de palácios burgueses, cuja construção é marcadamente europeia, as suas muralhas dão-lhe um ar principesco e a influência renascentista pode-se sentir em cada esquina. Parece uma cidade que parou no tempo, daí que por razões que nenhum visitante consegue claramente explicar, não seria muito surpreendente ver uma Dama a sair por uma daquelas portas, acompanhada de uma aia que lhe ampararia a roda do vestido. Porque muitos destes palácios de Mdina ainda pertencem às mesmas famílias nobres que os mandaram construir, a cidade tem um número muito reduzido de habitantes, por isso os malteses chamam-lhe a Cidade Silenciosa. O que em parte é verdade, mas a primeira impressão é precisamente a contrária: manadas de turistas acompanhados de guias, movimentam-se em passo acelarado e a disparar flashes. Ou seja, pensa-se logo onde está a cidade deserta e silenciosa que me prometeram? Porém ela existe, é só deixarmo-nos perder no labirinto de ruas e vielas que fazem de Mdina uma cidade maravilhosa, a vida dos seus habitantes ouve-se dentro das casas das ruas vazias, nos pequenos objectos que revelam uma rotina, um rádio ligado, uma gaiola com um pássaro agitado, uma roupa estendida, uma janela florida.
Mdina é daquelas cidades que dá vontade de tirar uma foto a preto e branco ou a sépia e ninguém ía reparar se aquela fotografia era do séc.XIX ou XXI, na verdade tem-se vontade é de tirar uma foto a cada recanto, a cada edíficio e a cada pormenor.
Eu adoro estas coincidências de ir a um sítio que na verdade podia ser outro, como por exemplo a Rabat de Malta e a Rabat de Marrocos. Basicamente eu queria ir a Rabat só por esta homonímia. Mas, depois de tanto procurar Rabat e perceber que estava a uma rua de distância, em vez de uns quilómetros, foi vez de me encantar por Rabat. Rabat é assim uma cidadezinha a rasar a aldeia, era sexta feira santa e não havia viva alma na rua, porque estava tudo a preparar-se para a missa . Toda a cidade cheia de motivos religiosos e a preparar-se para o momento solene da procissão: os "mordomos" da festa ajeitavam as vestes ao fundo de uma porta entreaberta, uma velhinha punha a sua cadeirinha na rua a guardar lugar na primeira fila, e as pessoas envergavam os seus melhores fatos e sapatos, enquanto íam para a missa. Rabat é a essência de Malta num dos seus estados mais puros.
Numa viagem há poucas coisas que me dêm tanto gozo como observar um povo a ser ele próprio nas coisas mais simples e rotineiras, nas tradições mais complexas e pontuais.
2 comments:
Rita,
O texto está lindo e por momentos estive novamente lá. Adorei Mdina e Rabat, mas o episódio melhor mesmo foi andar procura de autocarro para Rabat e a cidade quase que nos mordia. Foi mesmo lindo :-)
Adorei a viagem!!
foi muito fixe!!!
cada episódio que só rir!
*baci
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