De forma algo inesperada acabei por ir ao espectáculo das 7 novas maravilhas do mundo, nunca dei muito relevância ao assunto, mas durante a cerimónia houve uma informação dada pelo Ben Kingsley que me alarmou e fez perceber a importância e a razão da cerimónia. Das 7 Maravilhas do mundo antigo apenas uma ainda existe: as Pirâmides de Gizé. As restantes maravilhas (Os Jardins pendentes da Babilónia, o Templo de Artemis e Efiseu, o Colosso de Rhodes, o Farol da Alexandria, a estátua de Zeus em Olympya e o Mausoléu de Maussollos em Hallicarnassus) foram todas destruídas quer por sismos, quer por guerras. Este facto chamou-me a atenção para a necessidade desta cerimónia: apelar à protecção do património mundial, denominando-o elemento de identidade de toda a humanidade. Nomear as 7 maravilhas do mundo moderno é na verdade um instrumento ao serviço da conservação do património e um possível escudo contra a sua destruição por razões ideológicas ou religiosas.
O lado fantástico de todas as maravilhas finalistas, que foi o ponto menos focado desde o ínicio, devia ter sido o ponto fucral para este evento, aliado à insistência no tema da necessidade de proteger este património. Em vez disso, o "glamour" sufocou toda a beleza das maravilhas. Na cerimónia não se mostrou através de datas, dados e um pouco de história a relevância de cada maravilha, o que a torna tão espectacular, única e especial. Não se explicou que a Grande muralha da china graças aos seus 6400 km é a única estrutura na terra feita pelo homem que se consegue ver do espaço e que Machu Picchu é uma cidade imperial inca construída em 1450 e só descoberta em 1911, que foi largamente saqueada desde então. Bem como, teria sido interessante referir que o Coliseu de Roma começado a construir 72 anos a.C. era um anfiteatro capaz de acolher 50 mil pessoas bem como tornar possíveis os conhecidos jogos de gladiadores, batalhas navais ou peças teatrais e que o majestoso Taj Mahal foi um palácio construído em homenagem à esposa favorita do imperador indiano Shah Jahah.
Escolhidas as novas 7 maravilhas, resta falar do espectáculo. Toda a cerimónia foi bonita, mas superficial, valeu a pena o fogo de artíficio final, a voz do alessandro safina e do josé carreras, o charme e a capacidade de desenrascanço do ben kingsley, bem como a lição de profissionalismo da Jennifer Lopez. Goste-se ou não da sua música, ela pôs toda a gente naquele estádio a mexer. Fez valer cada cêntimo que a organização pagou por ela, dançou mais do que era esperado, cantou mais que os outros todos, foi simpática, animou o público e deslumbrou homens e mulheres com a sua beleza. Mostrou porque é que há artistas mundialmente conhecidos e outros não, mostrou que é uma artista multifacetada não por capricho, mas pela sua enorme força de vontade e profissionalismo. Essa foi uma lição que o Joaquin Cortés teve ali uma oportunidade de aprender, pois conhecido internacionalmente por ser um grande bailarino de flamenco, apresentou-se na cerimónia a tocar percussão numa só música(!!!!!!).
Numa noite temperada a vento gelado, cheia de luzes e maravilhas, resta fazer figas para que estes monumentos continuem intactos em todo o seu esplendor e que a vida seja longa e frutuosa de modo a deixar-nos deslumbrar com, pelo menos, alguns deles in loco.