Sunday, April 29, 2007

Ladies Night

Há noites que são verdadeiramente especiais, como a de sexta feira! O concerto de scissor sisters já fazia prever uma noite boa, mas foi muito melhor que isso, foi uma verdadeira ladies night. Primeiro, o concerto cheio de glamour, lantejoulas e boa música. A constante da noite: a companhia certa! Amigas para dançar, conversar, rir, dançar e beber uns copos. A noite estava fresca, mas subir o bairro alto, enquanto se pára para uns shots, enquanto se fazem os pontos de situação sobre as nossas vidas e as alheias, ajuda sempre a aquecer e a animar os ânimos.
Mas o ponto alto da noite, sem nenhuma de nós imaginar, estava guardado para as 4h da manhã no LUX quando o Reynaldo Gianecchini se pôs a dançar perto de nós. Aí sim, todas as reticências que tinha contra este actor se evaporaram, com um simples sorriso. Era impossível não olhar, as mulheres olhavam com desejo e os homens com desejo de ser como ele. De uma beleza simples e magnética, ninguém fica indiferente àquele sorriso. E como ele dança!! Não é grande bailarino, mas gosta de dançar e só vos digo que é um espectáculo bonito de se ver. Para dar uma ideia, a quem se interessa, ele é tudo o que parece nas fotografias.
Pode parecer exagero mas depois de se ter ido embora a noite perdeu a sua magia, nenhum homem parecia bonito e depois de vê-lo a noite não podia voltar a surpreender da mesma maneira. Por isso, passado algum tempo voltámos para casa com a certeza de uma noite muito bem passada, da qual o reynaldo gianecchini foi a cereja no topo do bolo. Dificilmente teria sido mais perfeita.

Thursday, April 26, 2007

Diários de Malta V - A Valletta Graciosa


De uma cidade chamada Valletta podia se esperar o pior, mas não! Valletta distingui-se pelas igrejas, que existem em cada rua, a cada esquina; pela sua luz dourada, resultado do reflexo do sol na pedra amarelada dos edíficios; pelas suas varandas-janelas, as suas ruas... Valletta assume uma singularidade quando se pensa nela como 'cidade fechada', sendo uma península existe uma única entrada para a cidade, que se conjugarmos com o facto de ser uma cidade fortificada dá a impressão a qualquer visitante de se estar a entrar num lugar especial.
Mas, embora seja uma cidade simpática, as paisagens mais bonitas são de Valletta para as outras penínsulas que a rodeiam, a comprovar isto mesmo está o facto de serem património mundial da humanidade. Mas quem quiser a melhor vista da cidade tem que ir a Sliema, num dia de sol este acaba por ser também uma bela oportunidade para apanhar uns banhos de sol, enquanto se observa a cidade que parece feita de ouro.


Wednesday, April 25, 2007

25 de Abril SEMPRE!


A data mais importante na história contemporânea portuguesa foi à 33 anos, 25 de Abril de 1974. Eu costumo dizer que foi a revolução perfeita: não houve chacina, poder na rua, divisões políticas ou sociais, só uma imensa vontade de mudar, de ser melhor, de ter melhor, de pertencer a uma democracia. Portugal cresceu, desenvolveu-se e melhorou em 33 anos de democracia, 50 anos de fascismo não conseguiram nem chegar perto destas conquista, que é o que somos hoje. Hoje é o dia em que celebramos as vitórias que conseguimos com o 25 de abril, talvez este ano mais do que qualquer outro é altura de demonstrar que estamos satisfeitos com a sociedade em que vivemos e que não há crise de valores que nos faça pensar em alternativas pouco democráticas. Estamos satisfeitos com as liberdades e garantias fundamentadas na nossa constituição e estamos determinados em fazer da nossa sociedade e país lugares cada vez melhores, que são cada vez mais o reflexo de nós próprios enquanto povo, tendo por base todos os valores que nos permitiram chegar até ao dia de hoje tal como estamos.

É necessário cada um de nós não ter receio de contrariar uma opinião alheia quando numa paragem de autocarro, num café, num grupo de pessoas que até nem conhecemos muito bem, alguém recorre a uma ideia fascista ou xenófoba, devemos contrargumentar, defendendo a sociedade democrática que temos. Nos anos 20 e 30 quando os vários partidos fascistas subiram ao poder, fizeram-no aproveitando uma crise de valores das sociedades a que pertenciam. No séc.XXI, numa Europa unânimemente democrática está-se a criar uma falsa crise de valores com o propósito das pessoas olharem para partidos simpatizantes da extrema direita como alternativa segura. É necessário relembrar os mais velhos quando elogiam a autoridade dos tempos salazaristas o que foi o regime de Salazar na realidade prática e não na fabricada pelo regime. É necessário relembrar os mais novos quando alegam a falência do nosso regime democrático, que somos dos poucos países que temos o exemplo de como os regimes autoritários não são a solução. Cabe a cada um de nós construir este orgulho em pertencermos a uma democracia e fazermos de Portugal ums sociedade democrática melhor.

Não há uma única sociedade na história ou na actualidade, que sem oprimir o seu povo, não tenha verificado problemas, insatisfação ou contestação. Os problemas fazem-nos ver o que está mal na sociedade e o que pode ser feito, a insatisfação faz-nos querer ser sempre melhores e a contestação faz de nós mais exigentes. Tudo isto faz de uma sociedade assim uma sociedade que tem futuro, pois acredita em si e quer ser mais, reconhece as suas falhas e deseja ser melhor. E algum de nós, tendo isto em conta, consegue dizer que uma sociedade assim é um problema? Claro que não, uma sociedade assim é reflexo da liberdade que a fundamenta.

Por isso, hoje é tempo de celebrar seja com um cravo na lapela, a festejar numa rua, a ver um fogo de artíficio ou participar num desfile para dizer que o 25 de Abril está Presente, SEMPRE!!

Tuesday, April 24, 2007

Diários de Malta IV - A Cidade do Silêncio e Rabat

Quem vai a Malta tem mesmo que visitar Mdina e Rabat, porquê? Porque não fazê-lo é perder realmente qualquer coisa de muito especial e único. Antes de mais e para divulgação Rabat e Mdina são duas cidades que se encontram literalmente uma dentro da outra, Mdina é uma cidade fortificada dentro de Rabat, daí que ficam desde já com a informação, para não fazerem a mesma figurinha que eu em Rabat a perguntar onde se podia apanhar o autocarro para rabat.
Estas duas cidades são a antítese perfeita que simboliza Malta e a sua mistura entre cultura árabe e ocidental.

Mdina é a antiga capital maltesa, por isso como centro político e social que foi é uma cidade repleta de palácios burgueses, cuja construção é marcadamente europeia, as suas muralhas dão-lhe um ar principesco e a influência renascentista pode-se sentir em cada esquina. Parece uma cidade que parou no tempo, daí que por razões que nenhum visitante consegue claramente explicar, não seria muito surpreendente ver uma Dama a sair por uma daquelas portas, acompanhada de uma aia que lhe ampararia a roda do vestido. Porque muitos destes palácios de Mdina ainda pertencem às mesmas famílias nobres que os mandaram construir, a cidade tem um número muito reduzido de habitantes, por isso os malteses chamam-lhe a Cidade Silenciosa. O que em parte é verdade, mas a primeira impressão é precisamente a contrária: manadas de turistas acompanhados de guias, movimentam-se em passo acelarado e a disparar flashes. Ou seja, pensa-se logo onde está a cidade deserta e silenciosa que me prometeram? Porém ela existe, é só deixarmo-nos perder no labirinto de ruas e vielas que fazem de Mdina uma cidade maravilhosa, a vida dos seus habitantes ouve-se dentro das casas das ruas vazias, nos pequenos objectos que revelam uma rotina, um rádio ligado, uma gaiola com um pássaro agitado, uma roupa estendida, uma janela florida.
Mdina é daquelas cidades que dá vontade de tirar uma foto a preto e branco ou a sépia e ninguém ía reparar se aquela fotografia era do séc.XIX ou XXI, na verdade tem-se vontade é de tirar uma foto a cada recanto, a cada edíficio e a cada pormenor.
Das muralhas de Mdina avista-se a periferia maltesa, com uma paisagem marcadamente árabe.


Eu adoro estas coincidências de ir a um sítio que na verdade podia ser outro, como por exemplo a Rabat de Malta e a Rabat de Marrocos. Basicamente eu queria ir a Rabat só por esta homonímia. Mas, depois de tanto procurar Rabat e perceber que estava a uma rua de distância, em vez de uns quilómetros, foi vez de me encantar por Rabat. Rabat é assim uma cidadezinha a rasar a aldeia, era sexta feira santa e não havia viva alma na rua, porque estava tudo a preparar-se para a missa . Toda a cidade cheia de motivos religiosos e a preparar-se para o momento solene da procissão: os "mordomos" da festa ajeitavam as vestes ao fundo de uma porta entreaberta, uma velhinha punha a sua cadeirinha na rua a guardar lugar na primeira fila, e as pessoas envergavam os seus melhores fatos e sapatos, enquanto íam para a missa. Rabat é a essência de Malta num dos seus estados mais puros.


Numa viagem há poucas coisas que me dêm tanto gozo como observar um povo a ser ele próprio nas coisas mais simples e rotineiras, nas tradições mais complexas e pontuais.

Monday, April 23, 2007

Pérolas de Saber (4)


" Ser gracioso na derrota e humilde na vitória "

Sunday, April 22, 2007

23



Eu tenho com os aniversários o mesmo sentimento de esperança e expectativa que se tem com o início de um novo ano. O dia 18 de abril deixa-me, portanto, sempre um pouco contemplativa. Costumo "abrir para balanço" e reflectir o que foram, como neste caso, os meus 22 anos e que eu espero que sejam os 23. A expectativa ainda se adensa mais com um final inesperado de uma etapa e o começo surpreendente de uma outra. Para este ano mais prudência e determinação!
Mas nunca esquecendo a velha máxima de Goethe, que me 'ofereceram': Dream no small dreams.

Tuesday, April 17, 2007

Benvinda...

A Primavera é uma estação fantástica, é impossível não me sentir contagiada por esta estação. O sol brilha, está mais calor, mas não demasiado. As pessoas estão mais bem dispostas e talvez, por isso, esta seja época de enamoramento....

Na Primavera diverte-me relembrar este poema...


PARQUES EN LA PRIMAVERA


En la Primavera no debes cruzar
solo la tarde de los parques.

Bajo las ramas se abrazan las parejas
y la yerba humedece.

No debes pasear
en Primavera solo por los parques.

Hay nubes lanceoladas, vuelos, restos
de amor usado ya en la yerba, y las lilas,
tan suaves las lilas, cómo hieren.

En Primavera es peligroso el mundo.


Juan Cobos Wilkins
Colección la Voz de Huelva,
1999, pág.48

Monday, April 16, 2007

Concurso Contos de Terror CTLX


Preparem as vossas canetas, inspirem-se, escrevam e ganhem!
Para assinalar o 1º MOTELx - Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa, o Clube de terror de Lisboa (CTLX) lançou a 1ª edição do "CONCURSO CONTOS DE TERROR CTLX". O vencedor do concurso receberá 500 € (!!!!) e verá a sua história publicada lado a lado com grandes nomes da literatura portuguesa, a anunciar brevemente...A antologia, editada em parceria com as Edições Chimpanzé Intelectual, contará com as ilustrações de João Maio Pinto em cada conto. O lançamento do livro será acompanhado com a exposição dos originais das ilustrações, por ocasião do MOTELx, em Setembro de 2007. Por isso, deixem o vosso lado negro vir ao de cima e escrevam um conto de meter medo, muito medo!!!

Os trabalhos podem ser enviados até dia 31 de Maio de 2007 e o regulamento está disponível no CTLX.com.O júri é presidido pelo crítico literário João Seixas e é também composto pelo realizador António de Macedo e o escritor David Soares.

O MOTELX já tem lugar e data, por isso guardem os dias de 5 a 9 de Setembro de 2007 para o Cinema São Jorge.

Sunday, April 15, 2007

Diários de Malta III - Era uma vez um gato maltês...

Mito n.º 2 - Os gatos malteses não tocam piano nem falam francês.
Ok, prevísivel!
Mas então o que há de especial sobre este gatos?? Todos os que eu vi eram gordos, faziam uma vida de dormir e banhos de sol.

Nada da proactividade afamada pela lenga lenga...

Saturday, April 14, 2007

Diários de Malta II- Nem no Vaticano!


Os malteses são de uma religiosidade quase sem fim! A Páscoa é vivida de forma intensa, por isso na véspera de sexta-feira santa já os principais monumentos estão fechados e nas igrejas estão a decorrer missas a um ritmo quase de non-stop. Quem quiser ver alguma igreja tem que ser até às 12h, porque a esta hora estas encerram e começam os sinos a marcar o meio-dia. E quem pensa que somente são dadas doze badalas, engana-se, mais do que isso apanha um valente susto porque de repente num espaço de 5 minutos começam as igrejas todas da cidade e arredores a dar uso aos seus sinos como se não houvesse amanhã.Apesar da situação inesperada e de ser inevitável imaginar, com algum gozo,os malteses naquele cenário recolhidos em casa em extâse religioso, este é um espectáculo surreal e impressionante. Não há rua que escape ao som dos sinos e não há como não nos sentir cercados por algo que inevitavelmente nos faz pensar em religião e nos faz, até, olhar para La Valletta como uma cidade que tem algo de sagrado.

E isto é apenas uma amostra, porque enquanto a Páscoa dura, os malteses fazem questão de lembrar esta época através de cruzes e panos negros que a maior parte das casas ostentam, de exposições sobre a paixão de cristo que cada paróquia organiza para recolher donativos, de janelas que algumas pessoas transformam em pequenos altares, do luto que envergam nas procissões de sexta feira santa, das bandeiras que neste dia encontram-se TODAS (e o que não falta em Malta são bandeiras) a meia haste, sinos em plena capital a chamarem para as missas, igrejas repletas de gente, procissões majestosas...

Porém, segundo um ourives maltês, com quem falámos impressionadas com tal aparato religioso, os malteses já não ligam tanto à páscoa como antigamente. Há cerca de 40 anos, na sua infância, nem sequer permitiam as crianças brincarem nestes dias que precedem o domingo de páscoa. Tive a oportunidade de ler uma sondagem que referia mais ou menos nestes termos que "já 52% dos malteses tinham por hábito ir regularmente à missa". O que me fez pensar que em Portugal esta taxa era o regozijo de qualquer padre.

E se os americanos e a maior parte do mundo podem não saber onde é Portugal, mas é bem possível que grande parte dos malteses saiba perfeitamente onde o nosso país fica por um só motivo. Em conversa com o dono de um restaurante, enquanto ele me gozava e fazia uma piada religiosa por eu levar imenso tempo a escolher um prato (enfim começa a ser um lugar comum), a dizer que o se eu fosse rapaz o meu nome devia ser Tomás, porque eu era como este Santo que só acreditava quando via (aquela expressão do 'ver para crer' vem daqui), e eu estava a dizer que não conhecia esse Santo, nem conhecia a história... É quando ele diz com incredulidade, "mas ele é um apóstolo!" e pergunta com desconfiança "mas vocês são da onde?", "Portugal!"...eis que os seus olhos brilham e com ar sério e instrospectivo diz "já estive lá!" e as três tagarelas tugas começam "ai sim? e gostou? e esteve aonde?", ao que ele responde com solenidade "estive em Lisboa, mas gostei especialmente da Cova da Iria." Nós nem percebemos à primeira, só quando repetiu é que nos apercebemos que ele se estava a referir a Fátima!!!!!!!! Entre o espanto e o embaraço, lá dissémos "Of course!Fátima!!", ao que ele diz, enquanto se afasta de nós," é um lugar muito especial para nós malteses", a melhor coisa e a maior mentira que me saiu foi "Para nós também!".
Depois desta férias, tenho para mim, que um dia que o Bin Laden tome conta disto tudo, a Igreja católica tem no povo maltês um exército e em Malta um bastião supremo da igreja católica. Porque, garanto por experiência própria, Páscoa assim, nem no Vaticano!

Friday, April 13, 2007

Diários de Malta I - Mistura Pouco Fina

Quem vai a Malta à procura do Corto Maltese apanha inevitavelmente uma desilusão. Ainda acalentei alguma esperança com o comissário de bordo da Air Malta que tinha um ar muito simpático e limpinho, o que me deixou com boas expectativas. MAS, é só apanhar o autocarro do aeroporto para La Valletta e qualquer turista apanha o primeiro "banho de realidade" com o motorista: um senhor de camisa suada e rabujento! Muito longe do ar apresentável do corto maltese e a quilómetros de distância da simpatia do comissário de bordo, que sorria graciosamente enquanto nos perguntava se queriamos mais café.
O choque maior acontece quando se constata que não nos calhou um mau exemplo de maltês, mas que, na verdade, este é um digno embaixador do maltês médio.

Pois, Malta ao localizar-se entre a Europa e o Norte de África tem uma matriz cultural que recolhe elementos das duas regiões, o que a torna uma mistura da cultura europeia e árabe.
Os Malteses parecem árabes, falam uma língua derivada do libanês e a arquitectura é de influência árabe, MAS para quem pensa, pelo que o rodeia, que afinal está num país do Magreb, engana-se redondamente porque na verdade os malteses reúnem uma característica primordialmente europeia, são cristãos e católicos fervorosos. Bem como, gostam de parecer europeus seja a assassinar uma língua ao misturá-la com o italiano e inglês, seja a escolherem o estilo chungamitra italiano. Isto tudo a adicionar à insularidade de Malta faz com que se esteja na presença de um povo único, numa ilha de contrastes, com uma cultura ríquissima.

Deste modo, Malta apresenta-se como uma mistura pouco fina, e, até, rude de várias culturas e influências de alguns países, mas mesmo assim cheia de um je ne sais quoi que nos prende à ilha.







num recanto de Valletta encontrámos desta forma representadas duas das influências que se fazem sentir mais no país: a inglesa e a italiana

Tuesday, April 3, 2007

Em Busca de Corto Maltese

Como alguns sabem vou de férias para a terra do Corto Maltese. Não vou à procura de marinheiros (bem...nunca se sabe!), mas vou à procura de aventuras e uma ilha cheia de surpresas. De qualquer modo, o Corto Maltese parece-me o Embaixador digno de uns dias que se afiguram fantásticos... =D
Até para a semana!

O Homem que espera...

Na estação de metro da praça de espanha, onde saio da carruagem com passo apressado no caminho que me devolve ao calor de casa, há um homem que encontro todos os dias sentado no mesmo banco, de braços cruzados, a fazer de encosto para o sono sempre o mesmo outdoor. Sempre que passo por ele questiono-me porque será que está ali sempre e àquela hora. Será que espera por alguém que demora a chegar? Será que é a bebedeira que não teve tempo de chegar a casa? Será que aquele é o único momento de sossego que consegue apreciar? Será que faz tempo para chegar a casa? Será um louco? Será um sem-abrigo? Será um sonhador? Será um teste para nos fazer pensar? Será de propósito ou será algo que acontece insconscientemente?
Ao olhar para ele há uma certeza que se abate de que é algo triste que motiva a presença deste homem, todos os dias, na mesma estação de metro pela mesma hora, não incomoda ninguém nem ninguém se mete com ele. A passividade é mútua e a dúvida é constante: qual é a história deste homem?
Eu gosto da versão de que ele está à espera de alguém que costumava sair naquela estação àquela hora ou que combinou com ele, mas que nunca vai chegar. Enquanto espera, adormece. Enquanto dorme, sonha com um reencontro, regado a abraços e beijos, que nunca vai acontecer.

É díficil passar pelo homem da estação de metro da praça de espanha, como eu o chamo, e ficar indiferente, por isso lanço um desafio: para vocês qual é a história deste homem?

Sunday, April 1, 2007

Brilhante

Ainda em espírito de princesas, mas também de luxo, requinte e obras de arte proponho a todos e a todas as visitantes deste pasquim uma ida à exposição Cartier 1899-1949: O percurso de um estilo. Quem pensa que jóias fazem só parte do interesse das mulheres está muito enganado e tem esta magnífica exposição para o comprovar.

Na Fundação Gulbenkian estão algumas das mais emblemáticas peças desenhadas pela Cartier em 50 anos de actividade, marcados por influências tão distintas como belas como a egípcia, a asiática ou russa. A adicionar a isto, como se não bastasse a beleza das pedras que a compõem, cada peça tem o toque dos designers e engenheiros que passaram pela Cartier e fizeram dela uma autêntica obra de arte.
Se existe um adjectivo para qualificar esta exposição seria: Impressionante!
Gosto de jóias, sobretudo anéis e brincos, mas nunca tinha percebido o fascínio que tantas vezes se faz em torno de um diamante até ver um da dimensão de uma amêndoa e amarelo nesta exposição. De repente toda aquela história de "diamonds are a Girls best Friends" começou a fazer muito mais sentido, não sei explicar como mas a minha indiferença por estas pedras desapareceu e só pensava como seria aquele anel na minha mão, aquele gargantilha no meu pescoço,... e perceber que aquele é um outro mundo, é o mundo inimaginário das fortunas do início do século passado, dos anos 20, da riqueza comedida dos tempos da II Guerra Mundial e da necessidade de voltar a poder a demonstrar riqueza do pós-guerra. É um mundo que se estranha, pela ostentação que encerra, mas que é fascinante e impressionante de visitar através de todas estas pequenas e preciosas obras de arte.
Cartier não é só sinónimo de elegância e jóias, é também de originalidade. Desde anéis a tiaras, de pulseiras a relógios de mesa, de biblots a gargantilhas, de tudo se consegue fazer uma jóia. É por isso que neste universo que tantas vezes se diz que é só de mulheres há relógios, conjuntos de secretária, canetas, pentes para o bigode (genial!!!) e tantos outros objectos marcadamente masculinos quer pela sua utilidade, quer pelo seu design.

Uma exposição cheia de brilho, de deixar qualquer visitante de queixo caído e encadeado com os quilates. ;)



Fundação Calouste Gulbenkian,
Até 29 de Abril
3€ exposição + museu
grátis para estudantes



( Se forem com o tempo contado, por exemplo na hora de almoço, visitem primeiro a exposição e não deixem de visitar o museu com o resto do tempo que estiverem livre vale muito a pena, mesmo que seja de passagem.

Visitar o Site da cartier e ver os compromissos éticos, ambientais e sociais da marca, numa altura em que se fala em diamantes de sangue, não deixa de ser interessante ver a abordagem deles)



Princesa Margarida

"Rita, queres ir com a Margarida e o Gonçalo ver o espectáculo das Princesas da Disney no Gelo? SIMMMMMMMMM!!!" Foi mais ou menos isto que se passou quando me perguntaram se me importava de acompanhar dois diabretes de 4 e 9 anos a este espectáculo... enfim, para mim, a disney continua a ser um mundo encantado e com algum fascínio.
Ontem, adorei rever aquelas histórias cheias de príncipes encantados, de princesas sonhadoras, fadas boas e bruxas malvadas, voltar a cantar músicas como "EU vou, Eu vou, para casa agora eu vou,..", ver momentos bonitos de patinagem artística...ou simplesmente voltar a sentir-me um pouco criança.
Sim! A máquina Disney não falha e eu também dei por mim boquiaberta com o espectáculo e maravilhada com todo o merchandising disney disponível no pavilhão atlântico, nessa tarde eu secretamente quis uma varinha mágica e algodão doce às cores, mas como ficava mal eu passear-me com isso na mão, incentivei fortemente os meus primos a comprarem coisas da disney.
É um espectáculo muito bonito, cheio de cor e magia, MAS feito para a resistência das crianças, ou seja um adulto aguenta a segunda parte com muito sacríficio e eu fechei pelo menos os olhos umas duas vezes e cabecei fortemente um vez. Por isso, para um adulto o melhor espectáculo está a acontecer nas bancadas, em que os protagonistas são as crianças que estão a assistir, completamente envolvidas com o que se passa no gelo, sossegadinhas ou a dançar, com olhar esbugalhado ou a soltar gargalhadas genuínas e a dizer adeus às suas personagens favoritas. Ver as crianças a serem crianças na verdade não foi só uma forma de relembrar a minha própria infância, como também me fez sentir que esse modo de estar sonhadora, leve e com gargalhada pronta, próprio dos pequenos, não tem que ser completamente afastada agora que já somos "grandes".

Isto é algo que tendo a esquecer devido ao stress do dia a dia e porque as crianças da minha família moram longe de mim, porém se é verdade que só um dia com eles os dois deixa-me de rastos, também não deixa de ser um facto que eles são os únicos seres que me conseguem fazer rir até às lágrimas. Devido à sua graciosidade, ao seu sotaque alentejano irresístivel, à resposta sempre na ponta da língua, às suas piadas, ao facto de já não chuchar no dedo e de quando for grande querer ser aluna, ao seu sorriso à velhinha, à sua gargalhada melodiosa, de já tirar as espinhas sozinha E de pintar muitíssimo bem as suas próprias unhas... Numa tarde cheia de princesas, a mais bonita e radiosa era a pequena Princesa Margarida!